Política

Março chega ao fim com Ciro longe dos 20% ideais para o PDT. E agora?

Na última pesquisa PoderData, o presidenciável aparece com 7% das intenções de voto; partido aposta que, com o início da campanha, o cenário deve mudar

O presidenciável Ciro Gomes. Foto: Reprodução/Redes Sociais
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O mês de março chega ao fim nesta quinta-feira 31 sem o pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes, alcançar a porcentagem de votos considerada ideal pelo seu partido, a sete meses da eleição.

Em junho do ano passado, em entrevista a CartaCapital, o presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, afirmou que trabalhava com a possibilidade do presidenciável ter entre 15% e 20% das intenções de voto.

“Nas últimas eleições, ele já teve cerca de 13% dos votos válidos”, disse Lupi à época. “[Portanto,] não é difícil chegar a 15% ou 20%”.

Na última pesquisa PoderData, divulgada na quarta-feira 30, o pedetista aparece na terceira posição com 7%, atrás do ex-presidente Lula, que lidera com 41%, e do presidente Jair Bolsonaro, que tem 32%.

No levantamento, Ciro está empatado tecnicamente com Sergio Moro (Podemos), que tem 6%, e à frente de João Doria (PSDB), com 3%, André Janones (Avante), com 2%, além de Eduardo Leite (PSDB) e Simone Tebet (MDB), com 1% cada um.

Antonio Neto, presidente do diretório municipal do PDT-SP, acredita que com os palanques formados nos estados, após o fim da janela partidária, a candidatura do pedetista deve crescer. Ele cita como exemplo estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará e o Distrito Federal.

“Temos uma vantagem que, nessa janela, estamos ganhando umas figuras boas”, afirmou o dirigente partidário à reportagem. “O Ciro ainda deve ganhar um bom músculo”.

De acordo com Neto, o desgaste que Lula e Bolsonaro sofrerão abrirá espaço para o presidenciável do PDT.

“Quando começar a campanha, virão todas as mazelas do lulopetismo”, declarou. “Tem o Bolsonaro também com problemas de corrupção, com Salles lá atrás no Ministério do Meio Ambiente, o caso dos pastores no MEC e as rachadinhas dos filhos”.

Para ele, “há um espaço grande entre os eleitores que não votam nem no Lula e nem no Bolsonaro”.

Nas pesquisas, os números do PoderData convergem com os de outros institutos. No levantamento do Ipespe, o ex-governador do Ceará tem os mesmos 7%, assim como no da Quaest. Já no Datafolha, o pedetista aparece com 6%. Por fim, na Exame/Ideia, o ex-ministro da Fazenda chega aos 9%.

Questionado recentemente sobre o desempenho eleitoral de Ciro, Lupi disse, ao jornal Folha de S.Paulo, que é preciso “ter resistência para chegar até o processo eleitoral” e que “o prazo da política é o prazo da eleição”.

O pré-candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro Miro Teixeira (PDT) diz que a tendência é que, daqui para frente, as intenções de voto em Ciro aumentem, como ocorreu em 2018. Naquele ano, em abril, de acordo com o Datafolha, o presidenciável aparecia com 5%. Na eleição, ele teve 12,47% dos votos.

“O Ciro tem um grande potencial de crescimento por conta do preparo e do que ele conhece de Brasil”, avalia Miro. “Isso com o tempo acaba produzindo algum efeito. Os dados que o Ciro apresenta sugerem que ele é o candidato mais preparado”.

O ex-deputado pondera, no entanto, que caso não alcance os dois dígitos nas pesquisas, a campanha deve fazer alguns ajustes no discurso.

“Se não acabar produzindo efeito, precisamos ver o que anda errado. Talvez seja preciso colocar emoção na mensagem”, pontua. “Mas as pessoas começaram a prestar atenção na campanha dele e acho que isso vai aumentar”.

Viabilidade da terceira via

O cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe, afirma que a missão de Ciro é mais difícil do que a dos demais candidatos da chamada terceira via. Para ele, as dificuldades dos nomes que se apresentam como alternativas a Lula e Bolsonaro estão na falta de união entre eles.

“O que inviabiliza uma candidatura competitiva da chamada terceira via é a fragmentação”, aponta Lavareda. “Nada do que façam em termos de comunicação vai levá-los à viabilidade. Só a política pode alterar este cenário atual”.

Para deslanchar nas pesquisas, Ciro tem centrado suas críticas em Lula e Bolsonaro, mas também direcionou os ataques a Moro e Doria. O pedetista descartou qualquer possibilidade de estar junto do ex-juiz e do governador de São Paulo na eleição.

“Quero ver se me reúno com todas as não viúvas do Bolsonaro”, disse em entrevista à rádio Tiradentes, do Amazonas. “Não tenho nada a ver com Moro, com Doria, que são as viúvas de Bolsonaro. Estou em outra”.

Segundo Lavareda, apesar de tentar angariar votos no centro e na direita, a disputa de Ciro é com Lula, ao contrário do que ocorre com os demais candidatos da terceira via.

“Todos esses nomes podem, com exceção de Ciro, ser vistos como de centro ou de direita. A competição para esses candidatos se dá com Bolsonaro”, analisa. “No caso do Ciro é com o Lula. A situação é mais difícil, pois o grosso dos seus eleitores tem preferência pelo ex-presidente”.

Na avaliação de Antonio Neto, no entanto, há maior probabilidade do segundo turno ser entre PDT x PT.

 

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