Política

Como a demora em preencher cargos no governo atrapalha Lula no Congresso

O atraso tem causado incômodo entre lideranças partidárias que tentam emplacar aliados no comando de órgãos federais

Foto: EVARISTO SA / AFP
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Mais de três meses após a posse, o governo do presidente Lula (PT) ainda não preencheu todos os cargos da administração federal. Os postos do segundo e terceiro escalões devem ser usados para consolidar a base de apoio no Congresso.

A demora tem causado incômodo entre lideranças partidárias que tentam emplacar aliados no comando de órgãos federais. Parlamentes ouvidos por CartaCapital avaliam que o atraso pode atrapalhar a relação do governo com o Congresso.

No Legislativo, entre as prioridades de Lula, estão a reforma tributária, aprovação de Medidas Provisórias e o novo arcabouço fiscal que deve substituir o teto de gastos. Há, ainda, a tentativa de barrar a CPMI do 8 de janeiro.

A reportagem apurou que Lula avalizou algumas indicações, mas o entrave decorre dos processos burocráticos da Casa Civil. Além disso, integrantes do governo dizem que está em curso um processo de desbolsonarização das chefias dos órgãos.

Na lista está a indicação do atual coordenador do Consórcio Nordeste, Diego Pessoa, para a presidência da Sudene, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste. O comando do Departamento Nacional de Obras contra as Secas também deve ser confirmado nesta leva. A expectativa é que o atual superintendente Fernando Marcondes Leão seja mantido no cargo.

O petista se reuniu na quinta-feira 9 na casa do ministro Paulo Pimenta com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), três dias após o deputado dizer que o governo não tem base consistente no Congresso. Estiveram ainda no encontro os ministros da Casa Civil, Rui Costa, das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e José Guimarães, líder do PT na Câmara.

A avaliação feita por parlamentares do PT é que a demora, além de levar inquietação à base, tem o poder de afastar potenciais aliados no Congresso, como o Republicanos. Integrantes do governo chegaram a fazer acenos à legenda ligada à Igreja Universal em janeiro.

O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, afirmou a CartaCapital que o partido faria parte da base caso ocupasse três ministérios. A declaração foi vista por interlocutores de Lula como “disposição ao diálogo”, além de ser um petardo ao União Brasil.

O partido liderado por Luciano Bivar foi contemplado com as pastas das Comunicações, Turismo e Integração Nacional, mas também aguarda a definição nos postos do segundo e terceiro escalões para destravar a relação conturbada com o governo. Apesar do espaço na Esplanada dos Ministérios, lideranças têm dito que manterão a “independência” no Congresso, o que ligou o alerta amarelo no Planalto.

Deputados do PT já admitem informalmente que houve erros na articulação do governo ao ceder três ministérios a uma legenda que não entrega votos.

O problema, avaliam petistas, está na início da aproximação entre o Planalto e o UB, com o veto do PT ao nome do deputado Elmar Nascimento para alguma pasta e o tamanho da influência exercida pelo senador Davi Alcolumbre na escolha dos três ministros: Juscelino Filho, Daniela do Waguinho e Waldez Góes.

A solução, além de indicações, pode passar por uma minireforma ministerial, que não é o desejo do governo no momento.

Um dos desejos do União Brasil é manter o engenheiro Marcelo Moreira no comando da Codevasf, a companhia responsável por obras hídricas no Norte e Nordeste. O atual presidente foi indicado por Elmar Nascimento. Durante a gestão Bolsonaro, a estatal foi entregue ao Centrão em troca de apoio parlamentar. As superintendências da estatal, no entanto, devem abrigar aliados próximos aos governadores da região.

No Planalto, a ordem é não entregar uma estatal de porteira fechada a um partido. De acordo com relatos, Lula teria orientado os parlamentares a discutirem as indicações. O problema é que nem sempre a bancada chega a um consenso e, nesses casos, o presidente  é chamado a resolver o impasse.

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