Política

Como fica a relação do PT com o União Brasil após a permanência de Juscelino Filho

A não demissão não será suficiente para melhorar a relação do governo com o partido

Lula e Juscelino. Foto: Créditos: Ricardo Stuckert
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A decisão do presidente Lula (PT) de manter Juscelino Filho no Ministério das Comunicações não será suficiente para melhorar a relação do governo com o União Brasil na Câmara.

O problema, avaliam integrantes da sigla, está na início da aproximação, com o veto do PT ao nome do deputado Elmar Nascimento para alguma pasta e o tamanho da influência exercida pelo senador Davi Alcolumbre na escolha dos três ministros ligados ao União Brasil: além de Juscelino, Daniela do Waguinho, no Turismo, e Waldez Góes na Integração e Desenvolvimento Regional.

O partido sempre foi uma das prioridades de Lula na formação da base de sustentação do governo no Congresso Nacional, mas, entre as legendas que ocupam ministérios, o União Brasil é o mais distante do governo que ainda não tem maioria absoluta no Parlamento.

A solução, além de indicações para o segundo e o terceiro escalões, pode passar por uma minireforma ministerial, que não é o desejo do governo no momento.

Há, no entanto, outros obstáculos: O UB – uma fusão do DEM com o PSL – é composto por parlamentares simpáticos ao bolsonarismo e que fazem oposição ferrenha a Lula. Para esses casos, de deputados cujo colégio eleitoral é majoritariamente de direita, a missão de levá-los para base do governo é tratada como improvável.

Oficialmente, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, diz que as indicações do União Brasil para o governo vão além das sugestões de Alcolumbre.

O apoio do UB é tratado pelo Planalto como fundamental para aprovação de matérias de interesse do governo, em especial as econômicas. Além da reforma tributária, há Medidas Provisórias editadas por Lula que precisam ser aprovadas por deputados e senadores e o novo arcabouço fiscal que deve substituir o teto de gastos. Há, ainda, a tentativa de barrar a CPMI do 8 de janeiro.

Nesta terça-feira 7, Padilha recebeu deputados das regiões Sul e Centro-Oeste. Entre eles, parlamentares da legenda.

“É importante ressaltar que, para nós, as eleições acabaram lá no primeiro e no segundo turno, com resultado reconhecido”, discursou o ministro. “Todo mundo tomou posse e o que importa agora é a gente se unir e reconstruir o país”.

No União Brasil, caso os desejos da legenda sejam atentidos, há uma ala que busca um meio termo na relação: entregar votos ao governo, mas sem compor oficialmente a base aliada. É um arranjo incômodo à gestão federal.

“Esperar que alguns deputados vão à tribuna defender o governo é besteira”, disse um integrante da legenda em conversa com CartaCapital. “Mas é possível que entreguem os votos”.

A posição é semelhante à de Elmar Nascimento, líder do partido na Câmara. “Tivemos três filiados do União Brasil ocupando cargos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro […] e nem por isso fomos base do governo. Agora [no governo Lula], muito menos”, afirmou em entrevista à Globonews. “Os partidos que estavam com o presidente Lula no primeiro turno representam um terço da Câmara e do Senado. Isso obriga o governo a ter responsabilidade de ampliar o diálogo para o centro”.

A possibilidade do União Brasil formar uma federação com o PP, embora seja tratada por alguns petistas como uma ameaça ao governo Lula, é vista por outros como uma oportunidade de alcançar a maioria dos parlamentares que farão parte da união. “Temos que escutá-los, mesmo sem concordância absoluta”, resume um deputado do PT à reportagem.

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