Política

‘Se tivesse 3 ministérios, como o União Brasil, seria governo’, diz presidente do Republicanos

A declaração de Marcos Pereira é dada em meio à dificuldade da gestão petista em formar uma maioria parlamentar

Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Apoie Siga-nos no

O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, afirmou nesta quarta-feira 8 a CartaCapital que o partido faria parte da base de sustentação do governo Lula (PT) no Congresso Nacional caso ocupasse três ministérios.

A declaração, que foi dada em meio à dificuldade da gestão petista em formar uma maioria parlamentar para aprovar as matérias de interesse, em especial as pautas econômicas, também soa como provocação ao União Brasil, legenda contemplada com os ministérios das Comunicações, do Turismo e da Integração e Desenvolvimento Regional.

“Se o Republicanos tivesse três ministérios seriamos governo”, disse o deputado. “O União Brasil deveria ser”.

Ainda em janeiro, o Republicanos declarou independência em relação ao governo federal, mas se opôs a fazer parte da oposição formalizada. A bancada da sigla na Câmara conta com 42 deputados. No Senado são 4 parlamentares [Damares Alves, Cleitinho, Hamilton Mourão e Mecias de Jesus]. Em janeiro, houve acenos do PT ao partido.

Como mostrou CartaCapital, o União Brasil, que tem 59 deputados e 9 senadores, é o partido mais distante do governo entre os que ocupam ministérios.

Entre as prioridades de Lula estão a votação da reforma tributária, a aprovação de Medidas Provisórias e o novo arcabouço fiscal que deve substituir o teto de gastos. Há, ainda, a tentativa de barrar a CPMI do 8 de janeiro.

O problema, avaliam petistas, está na início da aproximação entre o Planalto e o UB, com o veto do PT ao nome do deputado Elmar Nascimento para algum ministério e o tamanho da influência exercida pelo senador Davi Alcolumbre na escolha dos três ministros: Juscelino Filho, Daniela do Waguinho e Waldez Góes na Integração e Desenvolvimento Regional.

A solução, além de indicações para o segundo e o terceiro escalões, pode passar por uma minireforma ministerial, que não é o desejo do governo no momento.

Há, no entanto, outros obstáculos: O UB – uma fusão do DEM com o PSL – é composto por parlamentares simpáticos ao bolsonarismo e que fazem oposição ferrenha a Lula. Para esses casos, de deputados cujo colégio eleitoral é majoritariamente de direita, a missão de levá-los para base do governo é tratada como improvável.

No partido, caso os desejos da legenda sejam atentidos, há uma ala que busca um meio termo na relação: entregar votos ao governo, mas sem compor oficialmente a base aliada. É um arranjo incômodo à gestão federal, que busca quase a totalidade de votos disponíveis na sigla.

“Esperar que alguns deputados vão à tribuna defender o governo é besteira”, disse um integrante da legenda em conversa com CartaCapital. “Mas é possível que entreguem os votos”.

A posição é semelhante à de Elmar Nascimento, líder do partido na Câmara. “Tivemos três filiados do União Brasil ocupando cargos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro […] e nem por isso fomos base do governo. Agora [no governo Lula], muito menos”, afirmou em entrevista à Globonews. “Os partidos que estavam com o presidente Lula no primeiro turno representam um terço da Câmara e do Senado. Isso obriga o governo a ter responsabilidade de ampliar o diálogo para o centro”.

A possibilidade do União Brasil formar uma federação com o PP, embora seja tratada por alguns petistas como uma ameaça ao governo Lula, é vista por outros como uma oportunidade de alcançar a maioria dos parlamentares que farão parte da união. “Temos que escutá-los, mesmo sem concordância absoluta”, resume um deputado do PT à reportagem.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo