Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Álbuns bem executados e narrativas autênticas marcam 2023 na música

Na lista entram os discos de Ed Motta, Marcelo Costa, Assussena, Jongo do Vale do Café, Zé Ibarra, Martinho da Vila e Rubel

Foto: Divulgação
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O álbum é um instrumento valioso da música. Por meio dele é possível fazer uma leitura mais precisa sobre o projeto do artista, envolvendo capacidade criativa, narrativa e execução. Abaixo, apresentamos discos lançados em 2023 que preencheram de alguma forma esses requisitos.

O primeiro deles é o 14º álbum de Ed Motta. Impressiona a qualidade musical alcançada nesse trabalho. O disco é um primor, com arranjos das faixas em fusão marcante com diversos gêneros musicais, incluindo o funk, o blues e o samba jazz.

É um disco voltado para o mercado internacional, cantado em inglês – não à toa foi lançado também lá fora. Behind the Tea Chronicles, nome do álbum, é inspirado em letra e melodia nos filmes e nas séries de TV antigos – uma das paixões do músico.

A voz aveludada, sonora e ritmada de Ed Motta o coloca em um nível de destaque no País. Leia entrevista de Ed Motta a CartaCapital sobre seu novo álbum.

O percussionista Marcelo Costa, que completa 50 anos de carreira em 2024, lançou Vol. 2, dando continuidade a releituras de um repertório afetivo muito bem selecionado.

O músico só canta em uma faixa, mas chama um time invejável de intérpretes para registrar as canções do disco.

As participações incluem Maria Bethânia, Marisa Monte, Roberta Sá, Ney Matogrosso, Mariana de Moraes, Mart’nália, Jussara Silveira, Teresa Cristina e Paula Morelenbaum. Instrumentistas de primeira linha, além do experiente Marcelo Costa, compõem esse álbum, ótimo de ouvir.

Marcelo Costa concedeu uma entrevista a CartaCapital sobre o disco.

Assucena, que fez estreia de álbum solo depois de lançar três discos com seu antigo grupo, As Bahias e a Cozinha Mineira, soltou sua potente voz no trabalho Lusco-Fusco, de 10 faixas autorais.

Poesia e sonoridade contemporânea marcam esse disco, cuidadoso e muito bem interpretado. Assucena também falou a CartaCapital sobre o trabalho.

A riqueza melódica e poética de cantigas dos quilombos de São José e de Pinheiral, no interior do Rio de Janeiro, fez o músico Marcos André reuni-las em um magnífico álbum, chamado Jongo do Vale do Café.

O trabalho de densa pesquisa tem 32 cantigas de temáticas variadas, gravadas ao ar livre com 40 cantores e percussionistas, com captação sonora irreparável. Trata-se de um projeto que destaca na música brasileira o jongo, pouco tratado na história, embora tenha influenciado de forma decisiva a construção de nossa musicalidade.

O álbum resgata o jongo na sua concepção original e é um trabalho raro sobre a tradição afro-brasileira.

Zé Ibarra, por sua vez, lançou em 2023 seu primeiro álbum solo de forma minimalista, tocando violão e piano. Com o nome de Marquês, 256, foi gravado nas escadas do edifício onde o artista mora.

O disco mostra um cantor, compositor e instrumentista exuberante, uma das maiores revelações da música nos últimos tempos. Há composições suas com parceiros, além de regravações.

Zé Ibarra já havia se destacado em seus trabalhos com as bandas Dônica e Bala Desejo, mas nesse projeto apenas seu esbanja talento como cantor, compositor e instrumentista. Leia uma resenha sobre o disco.

Martinho da Vila apresentou neste ano o álbum Negra Ópera. O sambista fez algo fora do comum, dando um som operístico às músicas. Há regravações (nem todas de autoria de Martinho) e três inéditas.

O trabalho gira em torno da temática da negritude, e o cantor e compositor faz uma leitura original do repertório escolhido. Martinho da Vila concedeu uma entrevista a CartaCapital sobre o álbum.

Por fim, e não menos importante, destaca-se em 2023 o excepcional álbum de 20 faixas, divididos em dois volumes, de Rubel. Em seu terceiro disco, o cantor e compositor mostra maturidade musical e explora ritmos de maneira engenhosa.

Com o nome de As Palavras, o álbum é fruto de pesquisa de sons tradicionais e contemporâneos ouvidos no Brasil. Rubel encaixa tudo isso de maneira magistral, apresentando uma variedade musical ao longo do trabalho sem perder a fluência.

As letras dialogam com a realidade brasileira, dando ainda mais densidade ao projeto. Rubel apresentou detalhes do minucioso trabalho em entrevista a CartaCapital.

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