Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Em seu 7º disco, Moyseis Marques canta brasilidades, uma marca de sua geração da Lapa

Com 25 anos de carreira, o artista avalia que músicos ligados ao movimento dos anos 2000 não foram ‘abraçados’, por não fazerem apenas samba

Foto: Isabela Espindola
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Moyseis Marques lança Na Matriz (Biscoito Fino), uma celebração dos 25 anos de uma carreira iniciada no forró, embora seu nome seja mais associado ao samba, por fazer parte da geração que surgiu no final dos 1990 no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, em meio à revitalização na região central.

No novo álbum, ele circula com desenvoltura pelos dois gêneros que o formaram, mostrando amadurecimento, refinamento e desembaraço musical.

“O forró e o samba são mais do que gêneros musicais, eles são ambientes, no sentido de ver a vida. São ambientes que frequentei e em que me formei como cantor e compositor”, afirma a CartaCapital.

O novo álbum, de 13 canções autorais, percorre os diversos subgêneros do forró e do samba. A faixa de abertura, A Fonte, soa um samba clássico. Na sequência, Maxixe Santa Cruz (com Max Maranhão) é um maxixe, como diz o título. Depois, com Forró da Cidades (com Nei Lopes), vem um baião, subgênero do forró.

A belíssima Móbile da Insônia (com Elisa Queirós) é uma MPB mais lenta. Em Coração de Lona (com Cristóvão Bastos), a sexta faixa, temos um ijexá. Tempo de Prazer (com João Martins) é um samba em homenagem ao forró.

Na faixa-título (com Rudá Brauns) aparece outro baião. Mãe do Oriri (com Luiz Antônio Simas) também é um ijexá. Rei da Roda (com Zé Paulo Becker), a fechar o álbum, é uma capoeira.

“Acabou virando um disco de brasilidades”, afirma sobre seu sétimo disco. “O forró, o samba, a capoeira, essas brasilidades ocupam o mesmo espaço no meu coração.”

“Claro que o samba acaba sendo mais abrangente, porque gravei mais, tem mais possibilidade de trabalho e, então, fiquei mais conhecido no mundo do samba. Mas nunca saí de um ambiente e fui para o outro. Sempre transitei concomitantemente por esses ambientes.”

O disco tem a participação de Mônica Salmaso, Fabiana Cozza, Mosquito, Maria Menezes e o grupo vocal Ordinarius.

Em seu trabalho, Moyseis Marques expõe um retrato musical exato da geração da Lapa que integra ao lado de nomes como Teresa Cristina, Pedro Miranda, João Cavalcanti, Alfredo Del Penho, Nilze Carvalho, Ana Costa, Luiza Dionizio, Eduardo Gallotti, entre outros.

“O samba é uma coisa cíclica. Parece que tem uma geração de duas em duas décadas que descobre o samba. Aí a elite e a classe média abraçam”, avalia. “Infelizmente, as coisas só acontecem quando a elite cultural abraça. No final da década de 1990 e no início dos anos 2000, isso estava acontecendo.”

Segundo ele, esse grupo de músicos é marcado por atravessar “outros gêneros, outras modas”. Isso acabou por dificultar voos mais altos no samba.

“A minha geração não foi abraçada pelos antigos. Minha geração tem uma relação íntima com o forró, que canta MPB, que canta Bob Marley, que foi impactada pelo Cazuza, e ninguém deixou de fazer isso quando virou sambista profissional.”

O músico, a propósito, elogia a sua multifacetada geração. “É cantor que faz arranjo, baterista que toca trompete, um monte de instrumentista, todo mundo toca, arranja, canta, produz.”

O recém-lançado Na Matriz tem produção e arranjos de Moyseis Marques e Rafael Mallmith.

Assista à entrevista de Moyseis Marques a CartaCapital:

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