Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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‘Brasil é terra de percussão’: Com quase 50 anos de carreira, Marcelo Costa lança álbum em ótima companhia

A obra conta com artistas que o percussionista acompanhou, a exemplo de Maria Bethânia, Marisa Monte e Roberta Sá

Foto: Nando Chagas/Divulgação
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O percussionista e baterista Marcelo Costa completará em 2024 meio século de carreira. Foi aos 14 anos de idade que tudo começou, com a gravação do primeiro disco da banda A Barca do Sol, produzido por Egberto Gismonti. Dois anos depois, gravou uma faixa no disco de Edu Lobo; no ano seguinte, no de Geraldo Azevedo.

E assim foi até se tornar um dos instrumentistas mais requisitados da música brasileira. Em 2019, lançou o álbum Vol. 1, com participações de Caetano Veloso, Gal Costa, Adriana Calcanhotto, Lulu Santos, entre outros.

Agora, Marcelo Costa lança o Vol. 2, com a presença de outras estrelas da música brasileira, um disco bem produzido pelo autor e com um repertório afetivo de primeira. É um dos grandes álbuns do ano.

“Todas as pessoas que estão ali no disco são ligadas a mim de alguma maneira, artistas com quem eu já toquei muito ou já toquei pouco. Inclusive os músicos (instrumentistas) são pessoas que estão ligadas à minha vida”, explica.

Participam desse novo disco como intérpretes Maria Bethânia, Marisa Monte, Roberta Sá, Ney Matogrosso, Mariana de Moraes, Mart’nália, Jussara Silveira, Teresa Cristina e Paula Morelenbaum. Entre os instrumentistas estão Gabriel Improta (violão), Dirceu Leite (clarinete), Márcio Hulk (cavaquinho), Jorge Helder (baixo acústico), entre outros.

As 11 faixas do álbum apresentam novas versões de canções representativas da história da música.

“Sempre imagino aquela canção com a pessoa. São músicas de que eu gosto, que têm um significado para mim. Todas as músicas do Vol. 2 são ligadas a relacionamento basicamente amoroso, ou de raiva, ou de encontro, ou de tristeza, ou de amor, ou de solidão.”

Entre as canções, estão Deixei Recado (Gilberto Gil, João Donato), Se Você Disser que Sim (Moacir Santos, Vinicius de Moraes), Psiquiatra (Elton Medeiros, Zé Keti), Nervos de Aço (Lupicínio Rodrigues) e Esse Cara (Caetano Veloso).

O álbum abre com Maria Bethânia recitando Meu Bom, do compositor Marcelo Costa Santos, acompanhada apenas pela percussão de Marcelo Costa. A abertura é a mesma do Vol. 1 – mas, neste caso, quem gravou foi Caetano Veloso.

Na sequência, vem a única canção em que Marcelo aparece cantando: Odete (Vinícius Eliud e Herivelto Martins), com ele na percussão e seu irmão (fundador da banda A Barca do Sol) Muri Costa no violão.

Marcelo Costa exalta o instrumento que o fez ter ligação estreita com artistas do primeiro time da música brasileira. “É uma terra de percussão. Os dois países que são terras de percussionistas são Cuba e Brasil. É uma riqueza de pessoas, instrumentistas e instrumentos”, diz.

“Esse é um grande acontecimento histórico-cultural a partir da terrível escravidão, mas ele trouxe para cá uma série de instrumentos, uma série de ritmos que só se encontram aqui.”

Seus três ícones da percussão no Brasil são Airto Moreira, Naná Vasconcelos e Robertinho Silva. “Eles são precursores”, define. “A entrada de Airto Moreira na banda do Miles Davis é como se fosse um divisor de águas na presença de um percussionista numa banda.”

Já sobre Naná Vasconcelos, afirma ter sido “extremamente criativo no seu trabalho solo de riqueza rítmica”.

Com relação a Robertinho Silva, ele conta que era o baterista do tipo de música que ouvia: “Virou meu ídolo. Tem personalidade ao tocar.”

O percussionista e baterista Marcelo Costa gravou duas faixas no último disco de Caetano, Meu Coco (2021). Segundo ele, a faixa-título “é um tratado de percussão” de Marcio Victor, percussionista baiano que gravou a canção.

Costa é da banda de Maria Bethânia e Gilberto Gil (em um dos seus shows) e tem trabalhado com a nova geração, como a banda Bala Desejo e a talentosa Ana Frango Elétrico.

“Não tem mais LP e CD, agora é streaming. No entanto, essa ideia de o cara querer tocar, ensaiar, ir ao teatro, passar o som, fazer show, isso é igual. A diferença é técnica, do mercado, industrial, mas esse desejo das pessoas de fazer música e, por outro lado, esse desejo das pessoas de se reunir para ver pessoas fazerem música, isso é igual.”

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