Política

Mauro Cid pediu ajuda a investigado pelo assassinato de Marielle para fraudar cartão de vacina

O objetivo era fazer com que sua mulher pudesse embarcar aos Estados Unidos, em dezembro de 2022, já que o país pedia a confirmação de duas doses da imunização a turistas

O ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid e Marcello Siciliano, ex-vereador investigado pela morte de Marielle Franco. Fotos: Reprodução e Agência Brasil
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Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), preso em operação da PF nesta quarta-feira 3, pediu ajuda a Marcello Siciliano (Progressistas), um ex-vereador do Rio de Janeiro investigado pelo assassinato de Marielle Franco, para realizar uma possível falsificação no cartão de vacinação de sua mulher, Gabriela Santiago Ribeiro Cid.

O objetivo era fazer com que sua mulher pudesse embarcar aos Estados Unidos, em dezembro de 2022, já que o país pedia a confirmação de duas doses da imunização a turistas.

De primeira, Cid pediu ajuda ao seu então funcionário Luís Marcos dos Reis, que entrou em contato com um sobrinho médico, Farley Vinicius Alcantara, para emitir o comprovante. O documento fraudado foi emitido como sendo do município de Cabaceiras, via secretaria estadual de Saúde de Goiás, o que levou Cid a temer que a farsa fosse descoberta, já que ele e a família nunca foram ao local. O lote da vacina usado no documento também não permitiria o cadastro da imunização no Rio.

O certificado falso indicava que Gabriela tinha sido vacinada com duas doses da Pfizer, uma em 17 de agosto de 2021 e a segunda em 9 de novembro de 2021.

Na tentativa de corrigir o erro, o ex-ajudante de Bolsonaro procurou o ex-vereador Siciliano para sondar a possibilidade de emitir o certificado por Duque de Caxias (RJ). Na ocasião, Siciliano teria aceitado o pedido desde que Cid tentasse resolver um outro problema: o visto do ex-vereador. Naquele momento, por ter sido apontado como um dos possíveis mandantes da morte de Marielle, Siciliano estava com o seu visto para entrar nos EUA travado.

A linha de investigação que apontava o político como mandante do crime nunca chegou a uma conclusão definitiva. Em 2018, o inquérito no caso da ex-vereadora do PSOL assassinada a tiros na região central do Rio de Janeiro, apontava Siciliano – em parceria com o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica – como mandante do atentado. A acusação tinha como base a delação do policial militar Rodrigo Jorge Ferreira. Naquele ano, uma série de acontecimentos, porém, colocou em xeque a linha de investigação.

No caso desta quarta-feira, Siciliano não foi um dos alvos de prisão, mas teve endereços revistados para busca e apreensão. Mauro Cid, por sua vez, foi preso, em Brasília, no contexto da Operação Venire, que mira um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. A operação cumpre 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.

Outras seis pessoas foram presas e os celulares do ex-presidente Bolsonaro foram apreendidos.

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