Política

Lindôra Araújo emitiu manifestações favoráveis a Bolsonaro logo após encontros não-oficiais

Lista de encontros consta em e-mails analisados pela CPMI do 8 de Janeiro

A vice-Procuradora-Geral da República, Lindôra Araújo. Foto: Gil Ferreira/Agência CNJ
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A vice-Procuradora-Geral da República, Lindôra Araújo, emitiu, em 2022, pelo menos quatro posicionamentos favoráveis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em períodos próximos aos de encontros privados com ele. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira 9 e resultam de apuração do jornal O Globo, que também revelou, na última terça-feira 9, um conjunto de e-mails analisados pela CPMI do 8 de Janeiro que relatam encontros fora da agenda oficial.

Os pareceres favoráveis de Lindôra Araújo a Bolsonaro remetem ao período anterior às eleições do ano passado.

Abril de 2022

Em 11 de abril do ano passado, houve, segundo os e-mails analisados, um encontro não-oficial entre Lindôra Araújo, Jair Bolsonaro e o filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Vale destacar que Lindôra tinha se tornado vice-Procuradora-Geral pouco tempo antes, no dia 04 de abril.

Oito dias depois do encontro, ao se manifestar em ação no Supremo Tribunal Federal (STF), Lindôra sustentou que não havia indícios de crime por parte de Bolsonaro em um inquérito que apurava a atuação de dois pastores lobistas em tentativas de liberação de recursos no Ministério da Educação (MEC).

Maio de 2022

No dia 02 de maio do mesmo ano, houve, também de acordo com os e-mails analisados, um encontro entre Lindôra, Bolsonaro e o atual Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras

Três semanas depois, a vice-procuradora foi a responsável pela manifestação do Ministério Público (MP) no caso que investigava se Bolsonaro teria cometido crime ao dizer a um apoiador, no dia 12 daquele mês, na saída do Palácio do Alvorada, se ele pesava “mais de sete arrobas”. 

Na ocasião, em que a pergunta foi direcionada a Serjão Oliveira (PTB), então presidente da Câmara Municipal de Holambra (SP), Bolsonaro ironizou o fato de já ter sido processado por ter dito uma frase com o mesmo teor, em palestra realizada no Clube Hebraica, em São Paulo (SP), em 2018. Após o processo ter sido conduzido, o voto decisivo, do ministro do STF, Alexandre de Moraes, considerou as falas “grosseiras” e “vulgares”, mas considerou que não extrapolaram o discurso de ódio.

Em maio de 2022, no processo sobre a fala contra o apoiador do ex-presidente, Lindôra considerou que não houve crime.

Agosto de 2022

Os e-mails analisados pela CPMI do 8 de Janeiro revelaram um encontro privado entre Lindôra e Bolsonaro, no dia 10 de agosto do ano passado. Já no dia 24 de agosto, Lindôra promoveu duas manifestações favoráveis a Bolsonaro.

Na primeira, ela considerou que deveria ser arquivado um pedido de parlamentares para que se começasse a investigar os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral, em reunião com embaixadores. Essa foi, justamente, a conduta que levou o ex-presidente à inelegibilidade, em julgamento finalizado no último mês de junho, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Também em 24 de agosto do ano passado, Lindôra protocolou uma “manifestação crítica” ao ministro Alexandre de Moraes, após o magistrado ordenar a realização de oito mandados de busca e apreensão contra empresários bolsonaristas acusados de trocarem mensagens de teor golpista em um grupo no WhatsApp.

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