Economia

Bolsonaro reclama que Petrobras não esperou para anunciar reajuste da gasolina

Segundo o presidente, o projeto que alterou a cobrança do ICMS, aprovado na Câmara, seria capaz de reduzir em 60 centavos o preço final do combustível

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL), ao tratar do aumento de 18% no preço da gasolina e 25% no diesel promovido pela Petrobras na quinta-feira 10, disse lamentar que a empresa não tenha ‘esperado um dia a mais’ para fazer o anúncio. Segundo ele, o projeto que alterou a cobrança do ICMS, aprovado durante a noite pela Câmara, seria capaz de reduzir em 60 centavos o preço final do combustível estipulado pela empresa.

“O reajuste de ontem, em vez de 90 centavos, passa a ser de 30 centavos na bomba. Eu lamento apenas a Petrobras não ter esperado um dia a mais para anunciar esse reajuste”, afirmou o ex-capitão ao tratar do projeto em evento de lançamento do programa nacional de fertilizantes nesta sexta-feira 11.

Rapidamente, Bolsonaro também tratou do projeto de lei 191/2020 que libera o garimpo em terras indígenas mesmo sem necessidade real de exploração dos minérios nesses locais. Ao defender o texto, atacou o Ministério Público Federal e outras entidades que alegam que a proposta é ‘flagrantemente inconstitucional’.

“Estamos cumprindo a nossa Constituição, quem por ventura fala o contrário está desinformado ou quer tumultuar”, disse. Em seguida, repetiu as comparações que faz reiteradamente sobre povos indígenas e ruralistas.

“Temos que abrir espaço para cada vez mais integrar nossos irmãos indígenas na nossa sociedade. […] Eles praticamente já são quase como nós, querem se integrar, produzir na terra e fazer o que o fazendeiro faz do outro lado”, disse.

A alegação, no entanto, não encontra grande amparo na realidade. Indígenas do Brasil todo protestam desde o ano passado contra as tentativas de Bolsonaro de avançar sobre as terras e retirar mecanismos de proteção sociais e ambientais. Em setembro, ao menos 170 etnias protagonizaram o maior protesto de indígenas em Brasília desde a Constituinte.

Na quarta-feira, em Ato pela Terra, lideranças indígenas também participaram do protesto convocado por Caetano Veloso, outros 40 artistas e mais de 230 entidades. A manifestação reuniu milhares de pessoas em frente ao Congresso. O protesto ocorreu no mesmo dia em que parlamentares votaram para aprovar o regime de urgência na apreciação do texto que libera o garimpo em terras indígenas. A expectativa de governistas é votar a medida no início de abril. A oposição espera usar o prazo para barrar a proposta.

Sobre o plano lançado nesta sexta-feira, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que não se trata de uma medida para tornar o Brasil autossuficiente em fertilizantes. Segundo ela, o país chegará em 2050, data imposta para finalizar as medidas anunciadas hoje, ainda dependendo da importação dos insumos para o agronegócio. Pesquisas divulgadas nesta semana mostraram que o País tem reservas de potássio, o minério que o Brasil mais depende de importação, para abastecer o agronegócio até 2089 sem a necessidade de explorar recursos em terras indígenas.

Paulo Guedes, ministro da Economia, em seu discurso voltou a repetir teses infundadas de que o Brasil estaria melhor economicamente do que outros países ao fim da pandemia, em especial, os Estados Unidos.

“Reagimos mais rápido e melhor do que eles. Brevemente, os senhores vão ver o ano inteiro todas as previsões de crescimento sendo revistas para baixo e todas as previsões de inflação revistas para cima. No Brasil vai crescer”, disse.

O Brasil, no entanto, tem o terceiro pior desempenho no quesito inflação entre os países do G-20. O desempenho na geração de empregos também está distante do melhor momento e o País ainda conta com mais de 12 milhões de desempregados.

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