Mulher que levou idoso morto ao banco tem problemas psiquiátricos, diz filho

Lucas Nunes dos Santos, um dos filhos de Erika Nunes, se pronunciou sobre a mãe ter sido presa por ter levado Paulo Braga, o tio de 68 anos, ao banco para a retirada de um empréstimo de 17 mil reais em um momento em que o idoso já estava morto. O caso aconteceu na última terça-feira 16, em Bangu, no Rio de Janeiro. 

Nunes declarou ao programa Fantástico, da TV Globo, que sua mãe sofre de problemas psiquiátricos. Relatórios médicos apresentados ao programa pela família apontam ao menos dois pedidos de internação psiquiátrica, em 2022 e em 2023, por dependência de medicamentos e alucinações.

“A minha mãe criou seis filhos e ela nunca precisou roubar, nunca precisou enganar ninguém pra criar os seis filhos dela”, disse Nunes dos Santos. “Ela nos encaminhou muito bem, nos ensinando o caminho do estudo, o caminho do que é correto.”

Erika segue presa preventivamente por suspeita de vilipêndio a cadáver e furto mediante fraude.

Segundo um dos membros da família, antes de sair de casa em direção ao banco, por volta de 12h20 ou 12h25, Paulo ainda estava vivo.

Ana Carla de Souza Correa, advogada de Erika, afirmou que na situação gravada pelos bancários, ela estava em negação diante da possibilidade de que o homem estivesse realmente morto.

O delegado Fábio Souza, que investiga o caso, afirma que Paulo saiu de casa e chegou vivo ao shopping, mas que ela teria ido ao banco porque que poderia ser “última chance que ela tinha de tirar esse dinheiro”.

“Ela foi com ele ao banco porque percebeu que ele estava no seu último momento de vida e tentou, antes da morte dele, retirar esse dinheiro”, disse o delegado. “Ela viu a possibilidade de fazer o saque desse dinheiro, porque era a última chance que ela tinha”, insistiu.

Imagens exibidas pelo Fantástico mostram Erika segurando a cabeça de Paulo na fila de espera do banco. Em um momento, ela encosta a própria cabeça na cabeça do homem e aparenta falar com ele.

O corpo de Paulo foi sepultado no final da manhã de sábado 20, no Cemitério de Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo a reportagem, nenhum dos quatro irmãos de Paulo, que vivem fora do Rio, compareceram ao sepultamento.

Empréstimo 

De acordo com o relato de uma tia dele ao programa, Paulo e Erika moravam na mesma casa, em Bangu, havia 15 anos. Ele nunca se casou, nem teve filhos, apenas trabalhou como motorista de ônibus e enfrentava problemas com o consumo de álcool, o que teria piorado sua saúde.

O idoso viveria sem renda até agosto do ano passado, quando passou a receber um benefício governamental de um salário mínimo. As parcelas do empréstimo seriam descontadas desse benefício, e o dinheiro teria como destino uma obra na casa em que residiam. O pedido ao banco, diz a família, foi feito em 25 de março deste ano.

Indícios apontados pelos investigadores ao longo da semana mostram que, além do empréstimo filmado, Erika teria tentado outras duas liberações de dinheiro em duas agências distintas. Ela também tentou parcelar um celular no nome do idoso.