Política

‘Se o povo teme guarda municipal, imagine eu com Forças Armadas’, diz Bolsonaro sobre golpe

Ex-capitão voltou a defender suposta facilidade com que se pode implementar uma ditadura no Brasil, mas negou que planeja implantar uma

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a afirmar nesta quinta-feira 23 que seria ‘fácil implementar uma ditadura no Brasil’. Em conversa com apoiadores no cercadinho em frente ao Palácio do Alvorada, o ex-capitão disse que a ação de fiscalização de prefeituras com guardas municipais durante a pandemia seria a prova disso.

“Vocês lembram da sessão secreta em que eu falei como é fácil impor uma ditadura no Brasil? Se o povo temeu guarda municipal com cacetete [nas fiscalizações de lockdown], imagine eu com Forças Armadas com fuzil”, declarou Bolsonaro aos seus apoiadores.

O ex-capitão, no entanto, negou que planeja executar um golpe. “Eu posso fazer muita coisa, mas não devo. […] Hoje pode ser bacana uma medida minha fora das quatro linhas, mas e amanhã? Eu faço outra fora das quatro linhas e ficam revoltados”, destacou.

Conforme tentou fazer acreditar na conversa, ele, apesar das ameaças constantes que faz, não defende a implantação de uma ditadura no Brasil e sim uma luta contra o ex-presidente Lula (PT).

“Quem quer impor a ditadura não sou eu, é quem não quer liberdade de expressão, quem vai controlar a mídia, quem diz que vai valorizar o MST, quem diz que esse caso da menina grávida de 7 meses tem que abortar, quem quer emprestar dinheiro para ditaduras, quem quer relativizar a propriedade privada, quem quer falar que não vai ter mais tetos de gastos…”, defendeu o ex-capitão.

Para ele, sua eleição evitou que o Brasil quebrasse. “Se não sou eu, já tinha acabado o Brasil. Se não sou eu vocês já estavam no comunismo. Se não é o impeachment que aconteceu, mais dois anos de Dilma, o Brasil não tinha mais retorno”. Ao fazer a declaração, ele não cita que os resultados econômicos de sua gestão, em muitos casos, são os piores desde o final da década de 1990.

Na breve aparição com os apoiadores, Bolsonaro reafirmou ainda que não irá reajustar o salário dos servidores, mesmo em meio às ameaças de greve em diversas categorias. “Não adianta colocar a faca no meu pescoço. Não tem [dinheiro].”

Ele também rebateu as críticas de que lhe faltaria ‘coragem’ para mudar a política de preços praticada pela Petrobras. Ao se defender, disse que não poderia mudar a política de preços por decreto. A afirmação, todavia, omite o fato de o governo ter maioria no Conselho da empresa e que, portanto, poderia facilmente revisar o modelo.

Antes de finalizar sua aparição entre os eleitores, Bolsonaro ainda fez diversas críticas aos governos progressistas e de esquerda eleitos em países da América Latina e minimizou a miséria em que vive parcela significativa da população brasileira. Na declaração, disse não ser papel do governo ‘ajudar’ essas pessoas a superarem o drama social.

“Quem tira você da miséria é você mesmo, não é prefeito, governador, presidente…você tem que procurar um vereador na última instância, quando não tem mais o que fazer, pra ele te aconselhar”, disse. “Se você criar um benefício, o cara que estava ralando no campo não vai ralar mais, é uma realidade”, completou Bolsonaro logo em seguida.

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