Política

Quaest: 47% dos brasileiros são favoráveis à condenação de Bolsonaro no TSE

Pesquisa mostrou, também, 64% dos eleitores de Bolsonaro consideram que o seu apoio a um candidato é determinante para a próxima eleição

O ex-presidente Jair Bolsonaro em dia de depoimento à PF no caso das joias. Foto: Sergio Lima/AFP
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Os brasileiros estão divididos sobre o julgamento da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas há uma pequena parcela a mais da população que acredita que a Corte Eleitoral deve condenar Bolsonaro pelas declarações infundadas sobre fraudes nas urnas. É o que mostra o recorte especial, divulgado nesta quinta-feira 22, da pesquisa Quaest.

O levantamento divulgado nesta quinta apontou que 47% dos entrevistados são favoráveis à condenação de Bolsonaro, enquanto 43% são contrários. Sobre o julgamento, que começou nesta quinta-feira, 10% dos entrevistados não souberam ou não responderam.

A pesquisa buscou captar como o julgamento do ex-presidente é percebido por eleitores do presidente Lula (PT) e de Bolsonaro (PL). Entre os que votaram no petista no segundo turno das eleições de 2022, o percentual dos que avaliam que Bolsonaro deve ser condenado pelo TSE é de 80%. Já entre os eleitores de Bolsonaro no pleito do ano passado, 82% são contra a condenação.

A relação entre opinião pública e decisões judiciais, importante registrar, é sensível no campo da magistratura. No caso específico que vem sendo objeto de apreciação pelo TSE – a Corte julga as ações de Bolsonaro na reunião que promoveu, em julho de 2022, com embaixadores -, interlocutores vem apontando que a tendência é que o tribunal confirme a inelegibilidade do ex-presidente. O próprio Bolsonaro, em declarações recentes, já reconheceu que a chance de ser condenado é alta.

Para onde vão os eleitores de Bolsonaro, caso o ex-presidente fique inelegível

Em termos práticos, uma eventual inelegibilidade de Bolsonaro abre um horizonte político no campo da direita. A pesquisa Quaest buscou saber quem, na opinião dos entrevistados, Bolsonaro deve apoiar, no caso de ficar inelegível. 

Entre os eleitores do próprio Bolsonaro, 33% disseram que ele deve apoiar Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), governador de São Paulo. Para 24%, o apoio deve ser dado à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Já 11% consideram que Bolsonaro deve apoiar o atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO-MG).

A pesquisa mostrou que uma eventual saída de Bolsonaro da cena eleitoral não implica, necessariamente, em uma perda de relevância na arena política. Isso porque ele se converte no principal cabo eleitoral da direita. A questão já foi reconhecida, inclusive, nesta semana, pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Para 64% das pessoas que votaram em Bolsonaro em 2022, o apoio dele aumenta as chances de voto em um candidato. Por outro lado, 12% dessa parcela de eleitores apontou que o apoio de Bolsonaro a determinado candidato diminui as chances de voto.

Para o diretor da Quaest e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Felipe Nunes, os números da pesquisa mostraram que a eventual saída de Bolsonaro “significa uma segunda chance para a direita se organizar em torno de um nome com menor rejeição, mas sem perder o fôlego que Bolsonaro pode dar a seu aliado”.

À CartaCapital, Felipe Nunes observou que a lista de nomes preferíveis para eleitores de Bolsonaro – Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro e Romeu Zema – é um indicativo da manutenção da direita mais radical como campo de polarização direta com a centro-esquerda. Nenhum nome tradicionalmente ligado à centro-direita brasileira, por exemplo, foi citado pelos entrevistados. “Eu acredito que a polarização se mantém”, afirmou Felipe Nunes. Para ele, “o piso de qualquer candidato de Lula ou de Bolsonaro é alto demais”.

Caso Bolsonaro seja declarado inelegível, o cenário no campo da direita pode ser marcado por uma disputa interna, segundo Felipe Nunes. “Como a política não tolera vácuo, é possível imaginar que esses nomes passem a travar uma disputa interna, a depender de seus reais interesses”, observou.

A pesquisa Quaest foi contratada pela consultoria de investimentos Genial e realizada entre 15 e 18 de junho. Para chegar aos resultados, foram realizadas 2.029 entrevistas presenciais em 120 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro estimada é de 2.2 pontos percentuais com nível de confiança de 95%.

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