Política

O plano de golpe que Bolsonaro terá que explicar em depoimento à PF nesta quarta-feira

A trama em questão na 4ª oitiva do ex-presidente na PF foi descrita pelo senador Marcos do Val e teve participação do ex-deputado Daniel Silveira, preso por atos antidemocráticos

O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Douglas Magno/AFP
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) irá até a sede da Polícia Federal nesta quarta-feira 12 para prestar seu 4º depoimento desde que voltou ao Brasil. Dessa vez, a mira dos investigadores está em uma trama golpista exposta pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), com participação do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e suposta anuência do ex-capitão.

Como se sabe, são muitos os planos golpistas revelados no entorno do ex-presidente. Não por acaso, o principal auxiliar de Bolsonaro esteve na CPMI do 8 de Janeiro nesta terça-feira, onde foi questionado sobre outra articulação – dessa vez de militares – para impedir Lula (PT) de assumir seu terceiro mandato. Mauro Cid, porém, optou por ficar em silêncio. O foco da PF no depoimento desta quarta, porém, é outro.

O que os investidores querem saber é o real nível de envolvimento de Bolsonaro na confusa trama descrita por Marcos do Val em fevereiro deste ano. Naquela ocasião, o senador disse ter sido chamado por Daniel Silveira para gravar ilegalmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A intenção, contou o político, era forçar uma declaração comprometedora do magistrado para que Bolsonaro pudesse usar como pretexto de um golpe de Estado.

A primeira versão sustentada por Do Val – foram muitas dentro de poucas horas – dizia que Bolsonaro teria o coagido a praticar a ação ilegal. Depois, em uma tentativa de aliviar os problemas para o aliado, o senador disse que Bolsonaro apenas participou da reunião, como um ouvinte. Novamente, porém, a implicação é de que o ex-capitão não se opôs ao crime planejado, segundo Do Val, dentro do Palácio do Alvorada. Há outra versão que sustenta que o ex-presidente disse esperar uma resposta do senador sobre a execução do plano golpista discutido no encontro. Neste caso, Bolsonaro seria um dos mentores do golpe.

A última versão apresentada pelo senador, porém, diz que tudo não passou de uma manipulação de informações para ‘vingar’ Bolsonaro de Moraes. A alegação do político é de que o ministro queria prender o aliado e, por isso, ele optou por criar a narrativa. A história contada, sustenta, teria usado reuniões reais com Bolsonaro e teve anuência do ex-capitão e de seus filhos, Carlos, Flávio e Eduardo. A intenção era tentar fazer com que Moraes ficasse impedido de relatar o inquérito dos atos antidemocráticos, que tem bolsonaristas como alvos, por, nas palavras de Do Val, ‘ter sido colocado para dentro do caso’.

A narrativa confusa, porém, não colou. Do Val, em junho, se tornou alvo de uma operação da PF para buscar e apreender provas da trama golpista exposta por ele alguns meses antes. A coleta de documentos foi autorizada por Moraes e chegou a contar com um pedido de prisão feito pela corporação, mas barrado pelo ministro. A juntada de elementos é o que leva Bolsonaro ao banco de depoimentos nesta quarta. A oitiva também foi autorizada por Moraes. Nesta tarde, caberá ao ex-presidente indicar qual das versões de Do Val irá adotar ou se montará o seu próprio retrato. Ele também terá que descrever o seu nível de relações com o senador. Há, no entorno do ex-presidente, quem suspeite de que Do Val será ‘rifado’.

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