Política
À PF, Marcos do Val confirma que Bolsonaro queria resposta sobre ideia de gravar Moraes
Celular do senador foi entregue à corporação para perícia nos supostos diálogos
O senador Marcos do Val (Podemos) confirmou, em depoimento à Polícia Federal na noite desta quinta-feira 2, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria aguardando uma resposta dele sobre a proposta de gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O plano teria sido discutido durante uma reunião no Palácio da Alvorada. Do Val alega que foi convidado a participar do encontro pelo então deputado federal Daniel Silveira (PTB), preso na última terça-feira 1.
Segundo depoimento do senador, a estratégia do grupo seria provocar a anulação das eleições e impedir a possa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O celular do parlamentar foi entregue à Polícia Federal para passar por uma perícia e confirmar a veracidade dos supostos diálogos com integrantes do plano.
Ainda conforme o relato, já havia um pré-agendamento do encontro com o ministro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, cujo pretexto seria discutir os acampamentos bolsonaristas à frente dos quartéis generais do Exército.
“O ministro Alexandre de Moraes disse que o depoente deveria ir à reunião, pois ‘informação é sempre importante'”, diz o documento registrado pela PF.
O senador também deu detalhes sobre a reunião no Palácio da Alvorada.
“Daniel Silveira perguntou se o depoente gravaria uma conversa com o ministro Alexandre de Moraes, e se conduziria a conversa de maneira que o ministro falasse algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição”, contou Marcos do Val.
O parlamentar afirmou no depoimento que se espantou com o plano e teve receio de ser preso por gravar ilegalmente um ministro do STF e que pediu um tempo para pensar sobre se aceitaria entrar no plano.
Do Val ainda relatou que Bolsonaro se manteve calado durante a reunião.
“Durante toda a conversa, o ex-presidente manteve-se calado. Que a sensação que teve era que o ex-presidente não sabia do assunto, e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento tanto do depoente como do presidente. Que em nenhum momento o presidente negou o plano ou mostrou contrariedade ao plano, mantendo-se em silêncio”, contou no depoimento.
O senador ainda afirmou que o ex-presidente concordou com o pedido de tempo para refletir do parlamentar.
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