Política
Alvo da PF, Do Val deu versões desencontradas sobre suposta tentativa de golpe; relembre
Na primeira versão, apresentada durante uma live nas redes sociais, o senador disse ter sido coagido por Bolsonaro a gravar Moraes
Alvo de busca e apreensão da Polícia Federal, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) ficou conhecido por apresentar versões desencontradas sobre uma tentativa de golpe para afastar o ministro Alexandre de Moraes do comando de investigações que miram atos antidemocráticos.
Os mandados são cumpridos em três endereços ligados a Do Val. Ele tem direito a foro por prerrogativa de função e, por isso, a operação teve de ser autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.
Em apenas dois dias, o parlamentar fabricou ao menos cinco narrativas diferentes sobre o plano elaborado durante reunião no Palácio da Alvorada para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na primeira versão, apresentada durante uma live nas redes sociais, o senador disse ter sido coagido por Bolsonaro a gravar Moraes para obter dele declaração comprometedora que servisse de argumento para anular as eleições presidenciais de 2022.
Depois, voltou atrás e afirmou que o ex-presidente não teria arquitetado o tal plano, e que a ideia partiu do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Uma terceira versão foi apresentada em seguida, em entrevista à GloboNews, na qual ele diz que só foi se reunir com Bolsonaro depois de consultar Moraes – segundo ele, o magistrado o teria aconselhado a ir à reunião “porque todas as informações são importantes”.
A quarta versão foi apresentada em depoimento à PF, que abriu inquérito para investigar as ‘denúncias’ por ordem do Supremo Tribunal Federal. O senador é investigado pelos crimes de falso testemunho e denunciação caluniosa. Ele havia dito que renunciaria o cargo, mas também recuou na promessa.
Aos investigadores, o parlamentar alegou que só acusou Bolsonaro no primeiro relato porque estava com “raiva de ataques sofridos” nas redes sociais pelo voto a favor da reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD) à presidência do Senado.
No dia 30 de março, Do Val admitiu que forjou as narrativas para “chamar a atenção e tumultuar a narrativa”. Disse ter usado técnicas de “contra inteligência”, dando declarações antagônicas, e afirmou que mentiu ao declarar que renunciaria ao cargo apenas para chamar atenção.
Pouco depois de a ação da PF ser deflagrada nesta quinta-feira, os perfis de Marcos do Val nas redes sociais foram retirados do ar. No Twitter, os usuários leem a seguinte mensagem: “A conta foi retida no Brasil em resposta a uma demanda legal”.
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