Política

‘O agro não está à venda’, diz liderança da bancada ruralista após Lula anunciar o Plano Safra

Interlocutores do Palácio Planalto avaliam que a medida reforça o desejo de dialogar com o setor

O presidente Lula no lançamento do Plano Safra 2023/2024. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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A relação do presidente Lula com o agronegócio possui um histórico conturbado, o que se estendeu à eleição de 2022. Os ruralistas, que em sua maioria apoiaram Jair Bolsonaro, também veem a gestão petista com ressalvas e vez ou outra mandam recados ao Palácio do Planalto.

Com o objetivo de reduzir as resistências, o governo lançou nesta terça-feira 27 o Plano Safra 2023/24, com volume recorde de recursos. São mais de 360 milhões de reais destinados ao financiamento de atividades agrícolas de médios e grandes produtores.

Interlocutores do Planalto avaliam que a medida reforça o desejo de dialogar com o setor e fornecer as condições necessárias para o agro crescer. Além disso, argumentam que o lançamento do Plano pode iniciar o reajuste na relação com os ruralistas – parlamentares ligados ao setor chegaram a ser convidados para a cerimônia.

Ainda assim, segundo o deputado federal Evair de Melo (PP-ES), integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária, o gesto de Lula não é suficiente.

“O agro não é está à venda, não é o dinheiro que irá consertar as feridas abertas com as ofensas feitas pelo presidente”, disse a CartaCapital. “O governo tem uma ferida aberta com o agro que precisará de muita braçada, muita pernada para poder obter [confiança].”

Para o parlamentar, o montante disponibilizado não será determinante para reduzir as resistências dos ruralistas ao petista.

“O Plano Safra é obrigação de quem senta naquela cadeira olhar para o Brasil. O governo andou para o lado, perdeu uma grande oportunidade de tentar corrigir as ofensas que ele já fez ao agro, chamando o agro de ‘fascista’, de ‘golpista'”, alegou.

Durante o evento no Planalto, Lula voltou a fazer sinalizações diante de uma plateia majoritariamente formada por empresários e representantes do setor.

Disse não ser preciso ocupar propriedades rurais para realizar a reforma agrária e afirmou ser um engano achar que ele tem diferenças ideológicas com o agronegócio em relação às possibilidades de financiamento da atividade.

Auxiliares do petista destacam que os valores totais do Plano Safra 2023/24 ficam entre 420 bilhões e 430 bilhões de reais.

Pelo novo Plano, as taxas de juros para custeio e comercialização serão de 8% ao ano para os produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural. Para os demais, serão de 12% ao ano. No caso dos investimentos, as taxas de juros variam entre 7% e 12,5% ao ano, de acordo com o programa.

Lula também incluiu uma redução extra para produtores que adotarem práticas sustentáveis e quiserem tomar crédito para custeio. O corte é de 0,5 ponto percentual para produtores rurais que já estão com o Cadastro Ambiental Rural analisado.

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