Economia
Em aceno aos caminhoneiros, Bolsonaro muda regra de tabela de fretes
Lei previa revisão da tabela sempre que alta do diesel fosse superior a 10%; no novo regramento, revisão acontece a partir dos 5%
Uma medida provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira 17 prevê mudanças na tabela de frete usada como referência pelos caminhoneiros. A revisão no regramento acontece em ano eleitoral e em meio a sucessivas altas no preço do óleo diesel. A decisão consta no Diário Oficial da União de hoje.
Por lei, desde 2018, a tabela que determina o piso do frete seria reajustada semestralmente ou de forma extraordinária sempre que a alta no diesel superasse 10%. Na nova publicação de Bolsonaro, o gatilho para a mudança extraordinária passou a ser fixado em altas iguais ou que superem 5%.
Em comunicado ao site G1, a Secretaria-Geral da Presidência da República apontou a mudança como uma forma de “atenuar o impacto da alta dos combustíveis sobre o setor de transporte rodoviário de cargas”.
A mudança, que impacta diretamente na rotina dos caminhoneiros brasileiros, considerada base eleitoral de Bolsonaro, ocorre a cinco meses das eleições, quando pesquisas eleitorais indicam provável derrota do ex-capitão em disputa com o ex-presidente Lula (PT). Vale ressaltar ainda que, após sucessivos aumentos no diesel, o presidente viveu momentos de tensão com o grupo de apoiadores, que chegou a cogitar greve em determinados momentos.
Bolsonaro vive ainda um desgaste geral de popularidade causado pelo aumento de combustíveis. Segundo pesquisa, ele é apontado como principal culpado pelos reajustes. Recentemente, demitiu o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, e o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, em uma tentativa de estancar a crise. Nesta segunda, o ex-capitão voltou a sinalizar que pretende fazer novas mudanças na empresa após as duas saídas não surtirem efeitos.
A mudança também faz parte da estratégia do presidente para manter, apesar das críticas, a atual política de preços praticada pela Petrobras. Publicamente, o ex-capitão vocifera contra os aumentos, mas insiste que não pode interferir no preço praticado pela estatal. Ao fazer as declarações, no entanto, omite que o governo tem a maioria das cadeiras na empresa, podendo propor e aprovar uma nova política de valoração dos combustíveis, apontada por especialistas da área como solução para conter o avanço nos valores.
O novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, voltou a falar em privatizar a Petrobras como solução para os sucessivos aumentos. Um estudo do Observatório Social da Petrobras, publicado por CartaCapital, apontou que a gasolina estaria quase 20% mais cara com a privatização de refinarias, já o diesel custaria 12% a mais neste cenário. No Senado, a discussão da privatização, por enquanto, estaria descartada.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Estados vão recorrer da decisão de Mendonça que suspendeu política sobre ICMS do diesel
Por CartaCapital
Bolsonaro diz que ‘tem mais coisa para acontecer’ na Petrobras para ‘buscar alternativas’
Por Agência O Globo
Cenoura dispara 178% e diesel fica 53% mais caro em 12 meses; veja o que mais subiu
Por CartaCapital



