Política

Como eram divididas as funções no núcleo bolsonarista responsável por tramar um golpe, segundo a PF

Aliados do ex-presidente agiam, segundo as investigações, de forma coordenada e simultânea para viabilizar um golpe manteria Bolsonaro no poder; detalhes aparecem em decisão de Moraes

Foto: Alan Santos / PR
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A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira 8, uma operação que teve como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e figuras políticas do seu entorno político, além de militares do alto escalão das Forças Armadas.

O objetivo, segundo a PF, é investigar se Bolsonaro e aliados de primeira tentaram dar um golpe de Estado no país e invalidar as eleições presidenciais de 2022.

Segundo as investigações, o grupo teria agido para desacreditar o processo eleitoral, visando inflar os ânimos dos manifestantes bolsonaristas criando um clima favorável para o golpe. O grupo criminoso também agia no monitoramento de autoridades que deveriam ser presas para se consolidar a tomada de poder. 

Na decisão do Supremo Tribunal Federal que autorizou a operação, o ministro Alexandre de Moraes destaca trechos da investigação da PF mostra que os investigados atuaram em núcleos, de forma simultânea e coordenada para que a trama fosse tirada do papel.

Entenda o papel de cada um

Segundo as investigações, existiam seis grupos de ação no núcleo golpista formado no entorno de Bolsonaro.

O primeiro núcleo seria responsável pela desinformação e ataque contra o sistema eleitoral, com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente dos quartéis, com a intenção de estimular ambiente propício para perpetrar um golpe de Estado. 

Esse núcleo era formado por pessoas próximas ao ex-presidente, como o ajudante de ordens Mauro Cid e o ex-ministro de Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. Angelo Martins Denicoli, Fernando Cerimedo, Eder Lindsay Magalhães Balbino, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz são os outros integrantes citados.

Outra parte do grupo ficou com a responsabilidade de incitar militares a aderirem à intentona golpista. Esse é, segundo a PF, o segundo núcleo responsável pela trama golpista. De acordo a investigação, eles escolhiam alvos, entre os militares que apresentaram resistência a aderir à intentona golpista, para promover ataques pessoais e tentar desmoralizar esses agentes. 

Neste grupo estariam Walter Braga Netto, candidato à vice na chapa de Bolsonaro, além de seu fiel escudeiro, Mauro Cid. Os outros citados são Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros e Bernardo Romão Correa Neto.

 Já a terceira divisão forma o núcleo jurídico, apontado como o responsável pela criação do documento conhecido como “minuta golpista”, dossiê com diversos decretos que oficializariam o golpe. 

Faziam parte desse grupo o ex-assessor Filipe Martins, Anderson Torres, Mauro Cid, Amauri Feres Saad e José Eduardo de Oliveira e Silva. 

O quarto núcleo se destinava ao apoio operacional. Com a coordenação e interlocução do ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, coronel Mauro Cid, o núcleo atuava em reuniões de planejamento e execução de medidas no sentido de manter as manifestações em frente aos quartéis militares, incluindo a mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília.

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Correa Neto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins De Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães formavam este núcleo operacional.

Uma quinta divisão do grupo ficou responsável pela coleta de dados e informações para auxiliar na “inteligência paralela”. Os integrantes organizaram as informações para auxiliar na tomada de decisão de Bolsonaro na consumação do golpe de Estado. 

Entre as ações e funções do núcleo estava o monitoramento do itinerário, deslocamento e localização do Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e de outras autoridades, com o objetivo de captura e detenção quando da assinatura do decreto de Golpe de Estado.

Nesse time jogavam Augusto Heleno, Marcelo Costa Camara e Mauro Cid. 

O último núcleo era composto por oficiais de alta patente com influência nos demais grupos. Eles se utilizariam dos cargos nas Forças Armadas para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do golpe.

Nele atuavam Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theóphilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. 

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