Política

PF faz operação contra aliados de Bolsonaro investigados por tentativa de golpe de Estado

General Heleno, Walter Braga Netto e Valdemar Costa Neto são alguns dos alvos da operação desta quinta-feira; dois assessores do ex-capitão foram presos

Fotos: Marcos Corrêa/PR; José Dias/PR e Mateus Bonomi/Agif/AFP
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A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira 8 uma operação que mira aliados de primeira ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acusados de participarem de um grupo criminoso responsável por uma tentativa de golpe de Estado.

Entre os principais alvos da operação desta quinta estão Valdemar Costa Neto, ex-deputado e presidente do PL; Walter Braga Netto, militar e ex-ministro de Bolsonaro; e o general Augusto Heleno, também integrante do antigo governo. O general Paulo Sérgio Nogueira, responsável pela pasta da Defesa, e Anderson Torres, que era o ministro da Justiça e Segurança Pública na gestão bolsonarista, também aparecem no rol de investigados.

A lista de alvos aparece na decisão do Supremo Tribunal Federal, assinada por Alexandre de Moraes, que autorizou a operação desta quinta-feira. As buscas atingem também endereços ligados ao almirante Almir Garnier Santos,  que comandava a Marinha e o general Estevam Teófilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército. Leia aqui lista completa dos alvos da PF.

Segundo a nota oficial da corporação, as ações desta quinta-feira 8 buscam apurar a existência de uma “organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.”

Ao todo, diz a PF, são 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva, dois deles atingem os ex-assessores de Bolsonaro, Filipe Martins e Marcelo Câmara. Há, ainda “48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas”. Essas medidas restritivas atingiriam o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Marcelo Câmara e Filipe Martins, ex-assessores de Bolsonaro que tiveram a prisão preventiva decretada nesta quinta-feira; eles são alvos da PF na operação Tempus Veritatis.
Fotos: Reprodução/Redes Sociais e Arthur Max/MRE

Todos os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e são cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

A investigação apontou que o grupo político de Bolsonaro se dividiu em núcleos. O objetivo era, segundo a apuração, disseminar a ocorrência de fraude nas eleições de 2022, antes mesmo da realização do pleito. A ideia do grupo criminoso composto pelos aliados do ex-presidente era “viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.”

Um primeiro núcleo deste grupo, informam os investigadores, atuava na disseminação de notícias falsas com uma tese de que as eleições que terminaram com Lula vencedor foram fraudadas. Eram eles também que faziam circular teses falaciosas de que o sistema eletrônico de votação estava vulnerável.

Um segundo núcleo do grupo bolsonarista, então, promovia atos de violência para subsidiar um golpe de Estado. De acordo com a PF, este núcleo contava com “apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.”

A operação foi batizada de Tempus Veritatis, expressão que pode ser traduzida do latim para algo como a hora da verdade. Os fatos investigados pela PF nesta quinta configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

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