Política

Bolsonaro diz que é difícil ser presidente e celebra dólar a R$ 5

Ex-capitão repetiu discursos genéricos contra o comunismo e voltou a mentir sobre a economia do Brasil durante a pandemia

Foto: Reprodução
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Em discurso nesta quinta-feira 24, o presidente Jair Bolsonaro (PL) celebrou o fato do dólar estar operando na casa próxima aos 5 reais como um grande feito do seu governo. Ao celebrar a queda como um suposto feito de seu governo, o presidente desconsidera, no entanto, todo o contexto internacional, com o conflito na Ucrânia no centro das tensões globais.

Vale ressaltar ainda que, quando assumiu o cargo em 2019, a moeda norte-americana operava em 3,87 reais. Naquela ocasião, Paulo Guedes, seu ministro da Economia, chegou a afirmar que a moeda bateria 5 reais apenas se ele ‘fizesse muita besteira’. Atualmente, no entanto, aliados atribuem o valor a um suposto sucesso de suas políticas.

“Em números, falando de economia, o Brasil é o país que está na vanguarda do mundo, a nossa moeda foi a que mais valorizou no corrente ano. Nunca entrou tanto recurso externo em nosso Brasil. O dólar despencou, está em 5 reais. Estamos voltando à normalidade, aquilo que eu sempre desejei está acontecendo”, celebrou Bolsonaro.

A tese de que o Brasil é o país que melhor atravessou a pandemia, porém, é uma falácia e pouco se sustenta na realidade. Os dados apontam que a economia brasileira é a terceira pior do G20 quando o tema é inflação. A moeda brasileira também foi uma das mais desvalorizadas frente ao dólar no ano passado. A situação do desemprego e o retorno da fome ao País também colocam o Brasil em posição delicada no cenário internacional.

No mesmo discurso, Bolsonaro voltou ainda a lamentar as dificuldades em ser presidente. Não é a primeira vez que o presidente se mostra descontente em ocupar o cargo. Recentemente, disse estar ‘louco para entregar a cadeira’ para um sucessor.

“É fácil ou difícil ser presidente da República? Pra quem quer fazer a coisa certa é muito difícil. Pra mim, seria muito mais fácil estar do outro lado do balcão, mas eu estaria traindo não o povo, mas a minha consciência”, lamentou o ex-capitão.

Bolsonaro voltou ainda a usar o episódio da facada em um trecho do seu discurso. Ao se dirigir à plateia, questionou como seria o Brasil se o atentado tivesse sido fatal. Em seguida, chamou adversários de ‘protótipos de ditadores’. A declaração fez referência às políticas adotadas por governadores e prefeitos para conter o avanço do coronavírus no Brasil.

“Assistimos ao longo dos últimos dois anos, vimos e sentimos na pele, protótipos de ditadores em todo o Brasil. Esses aprendizes de ditadores tomaram medidas, algumas populistas, outras não pensadas, mas que afetaram diretamente as nossas vidas”, disse ao se referir aos executivos regionais.

Ainda sobre a pandemia, repetiu que ‘nunca errou’ nas decisões tomadas por ele no período e que ‘todos os dias alguém diz na mídia que ele sempre esteve certo’.

“Dia a dia vocês assistem mais um fato voltado para pandemia e sempre alguém dizendo, o Bolsonaro estava certo”, comemorou.

Bolsonaro elogiou ainda sua equipe de ministros, mas mentiu sobre a composição não ser um arranjo político. As nomeações de Ciro Nogueira, Onyx Lorenzoni e Fábio Faria são apenas alguns dos exemplos de composições recentes feitas por Bolsonaro para ceder cadeiras ao Centrão em troca de apoio. Ao fazer as mudanças, ele mesmo admitiu um acordo pela ‘governabilidade’, fato que tenta negar com a aproximação das eleições.

Nas declarações desta quinta, ainda permearam ataques genéricos à esquerda e ao comunismo. “Comunismo é um fracasso, socialismo é uma desgraça”, resumiu Bolsonaro em determinado momento.

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