Política

Bolsonaro depõe à PF nesta terça-feira e terá que explicar seu papel na fraude em cartões de vacina

Até aqui, a indicação geral é de que dificilmente o ex-capitão não tinha conhecimento do esquema fraudulento; Mauro Cid, seu ajudante de ordens, está preso

Bolsonaro deixa a Polícia Federal após depoimento sobre o 8 de Janeiro. Foto: TON MOLINA / AFP
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) irá até a sede da Polícia Federal para prestar novo depoimento na tarde desta terça-feira 16. Esta é a terceira oitiva do ex-capitão desde que voltou ao Brasil, em março. Desta vez, ele terá que explicar qual papel desempenhou no esquema de fraudes em cartões de vacinação.

O esquema apurado pela PF aponta que os cartões de vacinação do próprio ex-presidente e de sua filha Laura foram adulterados. Documentos dos seus auxiliares também seriam fraudulentos. A ação criminosa teria sido liderada por Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, que está preso desde o dia 3 de maio. Outros aliados de primeira ordem do ex-presidente estão envolvidos no caso e também foram presos, incluindo Ailton Barros, um militar que Bolsonaro chegou a chamar de ‘segundo irmão’ e se autodenominava ‘zero um’ do ex-capitão nas urnas.

Pela proximidade entre eles e o ex-presidente, as indicações são de que dificilmente Bolsonaro não teria conhecimento do esquema. A conclusão está no relatório da PF sobre Operação Venire, que levou Cid e os outros 5 presos no caso e embasou as buscas na casa de Bolsonaro. Naquela ocasião, os celulares do ex-presidente e de seus ajudantes foram apreendidos.

À PF, portanto, Bolsonaro terá que esclarecer qual era seu conhecimento do caso e se partiu dele a ordem para a adulteração dos dados no sistema do Ministério da Saúde. Até aqui, a principal linha de defesa do ex-presidente alega que o auxiliar teria agido sozinho e por conta própria. Os indícios revelados até o momento, porém, enfraquecem esta tese, já que os rastros digitais mostram e-mails do ex-capitão e endereços eletrônicos do Palácio do Planalto, ocupado por ele na ocasião.

Bolsonaro também deverá fornecer à PF sua versão sobre as motivações para a adulteração. Até o momento, segundo a corporação, a fraude teria sido feita para que os aliados do ex-presidente pudessem emitir documentos falsos para se deslocar pelo Brasil e Estados Unidos sem restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Uma linha de que a opção pela fraude foi tomada para se manter o discurso negacionista entre os apoiadores do grupo também foi levantada. Bolsonaro segue alegando nunca ter se vacinado.

A intenção dos investigadores, neste caso, é também esclarecer se Bolsonaro usou os documentos com dados falsos no Brasil ou nos EUA. Caso tenha utilizado o falso cartão de vacinação em solo norte-americano, o tema escalará para uma questão internacional. Nos EUA a pena prevista para o crime federal é de dez anos.

O depoimento desta terça-feira, importante lembrar, ocorre após a negativa de Bolsonaro em depor no dia da operação. Era esperado que ele fosse até à PF naquele momento para prestar esclarecimentos. O ex-capitão, porém, se negou sob a justificativa de que precisava ter acesso aos autos. O depoimento foi então remarcado. Nos bastidores, aliados do ex-presidente confirmam que ele usou o tempo recebido para ensaiar as respostas da oitiva com advogados.

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