Política

‘A minha caneta pode vir para o bem e para o mal’, diz Bolsonaro

Ex-capitão voltou ainda a falar em não cumprir uma decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira 27 que sua ‘caneta’ de presidente da República pode ser usada para ‘o bem ou para o mal’ a depender da situação. A declaração foi dada em evento com pastores da Assembleia de Deus, em Goiânia.

“A minha caneta pode vir para o bem e para o mal. Às vezes, até bem intencionado, se não tiver muito bem pensado o que vou assinar, todos nós sofremos”, destacou Bolsonaro aos líderes evangélicos.

Em seguida, o ex-capitão deu um exemplo de como supostamente sua caneta serviu ‘para o bem’ do País ao se encontrar com Vladimir Putin poucos dias antes do início da guerra na Ucrânia. Ao tratar do assunto, recuou da autoclassificação de ‘pacificador mundial’ que se deu naquele momento. A insinuação de que teria feito Putin recuar dos ataques gerou inclusive pedidos de bolsonaristas para que ele fosse indicado ao Nobel da Paz. Uma capa fake da revista Time circulou com a foto de Bolsonaro por ter supostamente impedido a guerra na ocasião.

Ataques ao Supremo

Diante dos pastores, Bolsonaro até tentou moderar o tom dos ataques ao Supremo Tribunal Federal, sem citar diretamente nenhum dos ministros. Em meio às declarações, porém, voltou a escalar o tom e ameaçar não cumprir uma decisão do tribunal.

[Se o STF aprovar o novo marco temporal] Falando como presidente da República, só me resta uma alternativa…ou melhor duas alternativas…pegar as chaves da Presidência, me dirigir ao presidente do Supremo e dizer ‘olha, administre o Brasil’ ou a outra alternativa que dizer ‘não vou cumprir’”, afirmou o ex-capitão. A ameaça foi aplaudida pelos pastores.

Bolsonaro voltou ainda a repercutir o perdão concedido ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a prisão por promover ataques contra ministros do STF. Ao tratar do assunto, o ex-capitão alegou ter tomado a decisão para ‘dar exemplo’ aos ministros da Corte.

“Não pude ver um cidadão ser condenado a 9 anos de cadeia, começar no regime fechado, ter o mandato cassado, tornar-se inelegível e ser multado, por ter se expressado…não interessa o que ele falou…exerci o meu poder, dentro das quatro linhas, até para dar exemplo ao Supremo Tribunal Federal, assinando a graça”, disse o ex-capitão, novamente aplaudido pelos religiosos. “Nós devemos respeitar os outros poderes, nunca temer”, completou.

‘Nós não somos imbecis que passamos a ter voz com as redes sociais’

Ao evocar o termo liberdade, como costuma fazer de forma vaga, Bolsonaro também tratou do papel exercido pelas redes sociais na ascensão da extrema-direita no Brasil. Segundo disse, foi com as mídias que o grupo passou ‘a ter voz’.

“Hoje eu acredito que, com as mídias sociais, que tanto incomodam alguns ‘supremáveis’, nós conseguimos a nossa liberdade. Nós não somos imbecis que passamos a ter voz, nós somos cidadãos, que conseguimos, com informação, olhar os imbecis que sempre comandaram o Brasil”, vociferou Bolsonaro.

Por fim, o ex-capitão cobrou ainda que os pastores atuem politicamente nestas eleições, alegando que isso deve ser feito fora do púlpito, mas abertamente em reuniões entre evangélicos.

Vale lembrar que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, antes de ser demitido, teve um áudio revelado em que explicava que amigos de pastores tinham verbas liberadas, a pedido de Bolsonaro, pois, no futuro, poderiam ajudar o atual governo. O presidente também tem ampliado o aceno ao grupo justamente porque é entre evangélicos onde encontra seu melhor desempenho eleitoral.

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