Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Zé Ibarra, Tim Bernardes, Tulipa Ruiz, Tom Zé, Áurea Martins e Criolo: os grandes discos de 2022

O ano foi marcado por densos trabalhos, contundentes críticas sociais e uma nova geração inspirada

Foto: Sérgio Freitas/Divulgação

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Zé Ibarra tinha acabado de encerrar um bem-sucedido trabalho de quatro anos ao lado de Milton Nascimento em um apoteótico show de despedida no Mineirão, ora fazendo duo, ora cantando músicas inteiras do repertório de Bituca, quando a banda que integra, a Bala Desejo, foi anunciada vencedora do Grammy Latino de Melhor Álbum com Sim Sim Sim.

Com o prêmio, o cantor e compositor carioca sacramentou de vez como principal nome da música de 2022. O álbum que realizou ao lado de Julia Mestre, Lucas Nunes e Dora Morelenbaum tem uma narrativa atual, alegórica e envolvente, com alguns elementos musicais dos ricos anos 1970. 

Tim Bernardes, com o trabalho Mil Coisas Invisíveis, é outro destaque musical de 2022. Com leveza e sonoridade, o músico, que também bebe da fonte setentista, põe fluidez e equilíbrio nesse disco em que mostra muito talento. 

Tulipa Ruiz, no seu quinto álbum, consolida de vez sua despojada carreira. Habilidades Extraordinárias é pulsante. Com a produção do irmão, Gustavo Ruiz, o disco coloca a voz única da cantora num power trio vigoroso.

Senhora das Flores, álbum da veterana Áurea Martins, é um profundo trabalho. Em 11 faixas, percorre tradições, ancestralidade e fé. Trata-se de um projeto muito bem construído e concebido. Um disco para marcar a carreira da cantora.

Foto: Sérgio Caddah/Divulgação


Russo Passapusso realizou um sonho neste ano e lançou um disco com seus ídolos também baianos, Antonio Carlos e Jocafi. Alta da Maravilha une o som afro desenvolvido pela dupla nos anos 1970 com o atual do vocalista do BaianaSystem – a junção com elementos do reggae e sound system deu num disco original e bom de se ouvir.

Criolo reuniu em 10 faixas no disco Sobre Viver toda a preocupação com o desgoverno – o álbum saiu no primeiro semestre, quando não se sabia se obscuros tempos teriam fim ou não. Inquieto e impactante, o disco contundente é talvez o mais bem produzido nesse tempo de necropolítica e descaso social.

O rapper Baco Exu do Blues ressaltou a vertente do racismo no forte álbum ‘Quantas Vezes Você Já Foi Amado?’. O trabalho é uma reflexão de sua experiência nesse terreno, com uma história em forma de rap muito bem contada. 

Por fim, destaca-se ainda o lançamento do DVD Mundão Girou, de MC Hariel, no início do ano. O jovem músico fez um registro audiovisual cheio de mensagens, com representação teatral, dança, poesia urbana e crítica social. Um funk consciente em meio à criminalização do gênero. 

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