Justiça

Gilmar critica escalada da violência bolsonarista ao comentar atentado: ‘Não é fato isolado’

O decano do STF enfatizou que o radicalismo político cresceu no País desde as eleições de 2018

Gilmar critica escalada da violência bolsonarista ao comentar atentado: ‘Não é fato isolado’
Gilmar critica escalada da violência bolsonarista ao comentar atentado: ‘Não é fato isolado’
O decano do STF, Gilmar Mendes. Foto: Carlos Moura/SCO/STF
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O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, afirmou que as explosões executadas por Francisco Wanderley Luiz, que morreu em Brasília na quarta-feira 13 vítima de uma de suas próprias bombas, fazem parte de uma escalada de violência bolsonarista no País.

Durante a sessão do STF nesta quinta-feira 14, Gilmar disse que o radicalismo político ganhou espaço nas eleições de 2018, especialmente nas redes sociais, usadas para difusão de ódio, ataques pessoais e notícias falsas.

“Com o encerramento das eleições e a instalação de um novo governo em 2019, essa estratégia influenciou não apenas a comunicação oficial do Palácio do Planalto como também o discurso dos apoiadores, que radicalizaram o debate político mediante criminalização da oposição, desprezo à alteridade e ataques sistemáticos às instituições de controle que cerraram fileiras contra essas práticas, como a Justiça Eleitoral e a Suprema Corte”, apontou o ministro.

Sem citar Jair Bolsonaro (PL), o ministro fez diversas menções indiretas ao ex-capitão e ao período em que ele governou o País, destacando, por exemplo, uma “indústria de desinformação largamente estimulada” sob o governo anterior.

“A reconstrução histórica dos últimos acontecimentos nacionais demonstra que o ocorrido na noite de ontem [quarta] infelizmente não é um fato isolado. Muito embora o extremismo e a intolerância tenham atingido o paroxismo [momento de maior intensidade] em 8 de Janeiro de 2023, a ideologia rasteira que inspirou a tentativa de golpe de Estado não surgiu subitamente”, apontou.

Gilmar listou episódios como o desfile de tanques na Praça dos Três Poderes em 2021; os acampamentos bolsonaristas junto a quartéis após a eleição de 2022; a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em dezembro de 2022; e o atentado fracassado a bomba ao aeroporto de Brasília.

Enquanto presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, citou a deputada Carla Zambelli (PL-SP) ao repudiar o atentado de quarta-feira, Gilmar destacou outro expoente do bolsonarismo: o deputado federal cassado Daniel Silveira, condenado em 2022 por ameaça ao Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo.

O decano lembrou que, em 2020, Silveira incitou a população a “fazer um cerco e invadir os edifícios do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional para retirar os ocupantes ‘na base da porrada’. Sob o falso pretexto de atuação nos limites da liberdade de expressão, o presidente da República à época concedeu indulto ao condenado“.

“Nos últimos anos foram diversos atentados contra as instituições de Estado e os valores centrais da democracia. Praticados pessoalmente por expoentes da extrema-direita ou cidadãos com o de ontem, inspirados por essas lideranças. Tais eventos deixaram marcas indeléveis na história brasileira, projetando efeitos transversais em nosso sistema político. Um triste e lamentável retrocesso”, completou Gilmar.

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