Desmatamento na Mata Atlântica caiu 42% nos primeiros 5 meses de 2023, aponta estudo

O desmatamento na Mata Atlântica teve uma redução significativa nos primeiros cinco meses de 2023. Segundo o boletim Sistema de Alertas de Desmatamento, da Fundação SOS Mata Atlântica, divulgado nesta quinta-feira 27, a queda foi de 41,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Entre janeiro e maio de 2023, 7.088 hectares foram desmatados. No mesmo período de 2022, a área atingiu 12.166 hectares. Os estados que lideram a redução neste ano são os que registraram as maiores áreas desmatadas em 2022, a exemplo de Minas Gerais (-47%), Bahia (-43%) e Paraná (-54%). 

Os números divulgados nesta quinta, entretanto, devem ser vistos com cautela, porque o boletim não considerou o território completo da Mata Atlântica, mas 85% da área. 

“É importante destacar que neste boletim não foi contabilizado o desmatamento da Mata Atlântica de encraves que estão no Cerrado e na Caatinga, que sabemos ser uma região onde o desmatamento está alto”, explicou Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica. Ele observou, porém, que a tendência de redução no desmatamento deve ser observada ao longo do ano.

Nos números de hoje, houve queda no total de alertas (-14%, saindo de 2.507 em 2022 para 2.156 neste ano) e na área média dos desmatamentos (-32,6%). “A devastação em áreas menores que três hectares praticamente não sofreu redução, enquanto nas maiores, especialmente aquelas acima de 15 hectares, houve um significativo decréscimo no desmatamento”, apontou Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas, que desenvolveu a pesquisa em parceria com a fundação e a empresa de geotecnologia Arcplan.

Esses dados, em específico, podem estar ligados a três fatores, segundo Rosa:

1) Incremento da fiscalização feita pelos estados;

2) A mudança de postura do governo federal e do Ibama;

3) As restrições de crédito financeiro para propriedades com desmatamentos não autorizados.

A Mata Atlântica pode ser encontrada, hoje em dia, em 15 estados. Uma das principais características do processo de urbanização do País é o fato de que, segundo os dados mais recentes do Atlas da Mata Atlântica, quase 70% da população brasileira vive no bioma. 

O aumento no desmate aconteceu em quatro dos quinze estados: Alagoas, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe. O estudo destaca, porém, que as áreas dos estados citados representam menos de 12% do total devastado em 2023.

Estima-se que a Mata Atlântica já chegou a cobrir 15% do que atualmente é considerado o território brasileiro. O bioma somava 1,3 milhão de quilômetros quadrados, especialmente na faixa próxima ao litoral. Processos seculares de degradação da Mata Atlântica, aliados à industrialização e ao modelo de produção baseado na exploração do bioma, porém, contribuíram para a redução a apenas 12% de sua área original.