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Assassinatos de ambientalistas registram queda em 2021; América Latina concentra maioria dos crimes

Brasil, México e Colômbia contabilizaram mais da metade dos ataques contra ambientalistas no ano passado

Foto: Kenzo Tribouillard/AFP
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Os assassinatos de ambientalistas registraram queda em 2021 na comparação com o ano anterior, mas a América Latina seguiu concentrando mais de 75% dos crimes, com o México na liderança dos países com mais vítimas, afirma o relatório anual da ONG Global Witness.

O número de ativistas assassinados alcançou 200 no ano passado, contra o recorde de 227 em 2020, com ataques que aconteceram no contexto de “uma gama mais ampla de ameaças” contra os ambientalistas, que são alvos de governos, empresas e outros atores não estatais, destaca o relatório.

“Mais de 75% dos ataques registrados ocorreram na América Latina”, informa a Global Witness no documento.

O México foi o país com maior número de assassinatos, com 54 mortes de ambientalistas em 2021, 30 a mais que no ano anterior.

“Mais de 40% dos assassinados eram indígenas e mais de um terço do total foram desaparecimentos forçados, incluindo pelo menos oito membros da comunidade yaqui”, estabelecida no norte do país, afirma o documento.

O ano de 2021 é o terceiro consecutivo que a Global Witness registra um aumento de agressões letais no México. Dois terços dos ataques estão relacionados com terras e mineração.

“Quase dois terços dos assassinatos foram concentrados nos estados de Oaxaca (sul) e Sonora (norte), ambos com importantes investimentos de mineração”, destaca a organização.

Nos últimos 10 anos, o México virou “um dos lugares mais perigosos para os defensores da terra e do meio ambiente”, com 154 assassinatos documentados durante o período, alerta a Global Witness.

A maioria das mortes (131) ocorreu entre 2017 e 2021.

Colômbia e Brasil ficaram em segundo e terceiro lugares em número de ambientalistas mortos no ano passado.

A Colômbia registrou 33 assassinatos no ano passado, uma queda expressiva na comparação com as 65 mortes de 2020.

O Brasil registrou 26 assassinatos de ambientalistas em 2021, seis a mais que em 2020.

Brasil, México e Colômbia contabilizaram mais da metade dos ataques contra ambientalistas no ano passado, de acordo com a ONG.

Dos crimes que foram relacionados a um setor específico, a organização indica que mais de 25% estavam vinculados à exploração de recursos (florestais, de mineração ou agronegócio), além de hidrelétricas e outras obras de infraestrutura.

O número, no entanto, pode ser maior porque os motivos dos ataques contra ambientalistas muitas vezes não são investigados ou relatados da maneira adequada.

Indígenas e mulheres

A mineração foi o setor mais vinculado com os assassinatos de 2021, com 27 casos, 15 deles no México, seis nas Filipinas, quatro na Venezuela, um na Nicarágua e um no Equador, segundo a Global Witness.

A ONG também alertou para o “número desproporcional de ataques contra povos indígenas“, com mais de 40% dos ataques direcionados a este grupo, apesar de representar apenas 5% da população mundial.

A Global Witness registrou 12 assassinatos em massa em 2021, incluindo três na Índia e quatro no México, e destacou que um em cada 10 ativistas mortos eram mulheres, quase dois terços delas indígenas.

A organização recomenda “ações urgentes” dos governos e empresas para interromper a violência e criminalização dos ativistas, como a adoção de leis que os protejam e a ampliação de seus direitos, além de políticas corporativas que “identifiquem, previnam e mitiguem” qualquer dano contra estas pessoas e os espaços que defendem.

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