Saúde

Cresce o número de transplantes de coração no 1º semestre de 2023, mostra balanço do Ministério da Saúde

O tema ficou em evidência após a revelação de que o apresentador Fausto Silva entrou na fila do SUS para realizar o procedimento

Foto: Divulgação/Band
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No primeiro semestre de 2023, foram realizados 206 transplantes de coração no País. O número representa um aumento de 16% nos procedimentos, em comparação ao mesmo período do ano passado. É o que revelou, nesta terça-feira 22, o Ministério da Saúde.

O debate sobre transplantes de coração – e de órgãos, em maior medida – foi estimulado pelo caso do apresentador Fausto Silva, o Faustão, que, internado em São Paulo (SP) por conta de um quadro de insuficiência cardíaca, vai precisar de um transplante do órgão, segundo boletim médico divulgado pelo hospital Israelita Albert Einstein, no último domingo 20. Para receber a doação, Faustão foi incluído na lista do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os processos de doação e de transplante de órgãos não são simples. Em resumo, uma pessoa que tenha uma doença grave precisará receber um órgão saudável, que pode vir de um doador ainda vivo – a depender do órgão – ou já falecido. Para que possa receber um órgão no país, o paciente deverá ser cadastrado em uma lista de espera gerenciada pela  Central Nacional de Transplantes, que é vinculada ao Ministério da Saúde.

O quão rápido ou não um paciente receberá um órgão não depende, exclusivamente, da sua posição na fila. Uma série de fatores pode determinar em que momento (e se) o paciente receberá um órgão doado, a exemplo da própria ordem de chegada, da gravidade da doença, da compatibilidade entre paciente e doador e até de fatores que determinam a prioridade (crianças, por exemplo, recebem preferência). 

Há uma forma, porém, de fazer com que a doação seja agilizada: no caso de pessoas vivas, o doador pode escolher a quem deseja doar, por exemplo, um dos rins ou parte da medula óssea. Segundo a legislação brasileira, doações desse tipo são permitidas entre cônjuges e parentes de até quarto grau. Além disso, pelo procedimento do SUS, sempre que um novo órgão disponível para doação é identificado, a prioridade deve ser dada a um receptor compatível no estado de origem.

Também de acordo com a lei, o procedimento até pode ser feito em hospitais privados, mas todos os pacientes que aguardam por órgãos devem estar em lista pública.

A lista única tem como objetivo fazer com que todos os cidadãos que precisam de transplante tenham a mesma chance de realizar o procedimento. O que não significa dizer, porém, que a fila seja, necessariamente, ágil: no primeiro semestre deste ano, segundo o MS, mais de 50 mil pessoas esperavam por transplante, no Brasil. 

De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, foram realizados cerca de 22 mil procedimentos desse tipo no país, no ano passado. O volume põe o Brasil, segundo o Ministério da Saúde, como o país que possui o maior sistema público de transplantes de órgãos do planeta. 

Histórico

O primeiro transplante de coração no Brasil foi realizado em maio de 1968. O paciente foi o lavrador João Ferreira da Cunha, que sofria de uma doença degenerativa. O Brasil, aliás, foi um dos pioneiros na prática: a cirurgia, feita no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, aconteceu apenas seis meses após o primeiro transplante de coração do mundo, ocorrido na África do Sul. João Ferreira faleceu 28 dias depois do procedimento.

Após a espera, o procedimento: transplante é garantia de sucesso?

Como dito, o transplante de órgãos é um procedimento complexo. Por razões médicas, a simples compatibilidade entre doador e paciente não é uma condição que garante o sucesso do procedimento e de que, no futuro, o organismo do paciente aceitará sem atropelos o órgão recebido. Tudo dependerá de fatores individuais, do andamento da própria cirurgia, das condições clínicas do receptor, entre outros fatores. As avaliações dependem de profissionais da saúde.

Voltando ao estado anterior à realização da cirurgia – ou seja, à lista de espera -, o que os números indicam é que os pacientes são maiores, em volume, do que os doadores. Segundo dados do Ministério da Saúde e da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), referentes ao período de 2014 e 2021, mais da metade dos órgãos disponibilizados para transplantes no Brasil foi recusada. Das quase 23 mil ofertas, 63% foram rejeitadas.

Isso acontece porque fatores como as condições dos doadores podem afetar a doação. Em quase 60% dos casos rejeitados, os doadores tinham idade avançada ou alguma comorbidade, o que inviabiliza as doações. Problemas de logística – como o transporte das doações – foram responsáveis por 9% das recusas. 

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