Política

‘Você é esperança para o Brasil’, diz François Hollande a Lula após encontro em Paris

O petista se reuniu com o ex-presidente francês horas depois de ser recebido por Emmanuel Macron no Palácio do Elysée

Lula e François Hollande. Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Horas depois de se reunir com o presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Elysée, Lula se encontrou nesta quarta-feira 17 com o ex-presidente François Hollande, em Paris. Trata-se de mais uma etapa da viagem do petista à Europa, marcada por compromissos com lideranças políticas, como o futuro chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e a prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo.

“Conversamos sobre o quadro político no país e a atuação do Partido Socialista francês. Muito bom reencontrá-lo, companheiro”, escreveu Lula nas redes sociais após ser recebido por Hollande. O francês, por sua vez, publicou uma foto da reunião e adicionou a legenda: “Quando um ex-presidente encontra um ex-presidente! Estou feliz por ter te visto de novo, querido Lula. Você representa esperança para o Brasil”.

Com Macron, Lula debateu o combate às mudanças climáticas e o enfrentamento à fome e à pobreza. O brasileiro e o francês também discutiram o futuro da União Europeia e sua integração com a América Latina.

“Acredito que os líderes mundiais precisam sentar à mesa para dialogar e enfrentar esses desafios com uma governança global. Dividimos preocupações como o avanço da extrema direita pelo mundo e as ameaças à democracia e aos direitos humanos. Agradeço pela cordial recepção”, escreveu Lula.

Pouco antes da reunião com o presidente francês, Lula recebeu em Paris o prêmio “Coragem Política”, concedido pela revista Politique Internationale.

“Estou procurando o restabelecimento da credibilidade que o Brasil já teve junto ao mundo. Viajo para conversar com governantes da Europa, políticos, com a imprensa, para mostrar que o Brasil é infinitamente melhor do que o atual governo, que o povo é melhor, é democrático, generoso, não é essa ignorância que governa hoje”, disse o petista em entrevista coletiva após a homenagem.

“Eu me encontrei com muita gente para conversar sobre democracia. Entre 2003 e 2015, o Brasil era protagonista internacional, atuante na Organização Mundial do Comércio, na Organização Mundial da Saúde, na questão ambiental. O Brasil participou ativamente de todos os fóruns multilaterais porque acreditava na existência desses fóruns”, prosseguiu Lula. “Hoje o Brasil está afastado, não participa de nada.”

‘O mundo regrediu’

Na terça 16, Lula discursou no Instituto de Estudos Políticos de Paris, o Sciences Po, em um evento intitulado “Qual o lugar do Brasil no mundo de amanhã?”.

A cerimônia marcou também os 10 anos do título de doutor honoris causa concedido pela instituição ao petista.

Antes de ler o pronunciamento, Lula fez intervenções de improviso. Ao longo do discurso, enalteceu realizações de seus governos, criticou a gestão de Jair Bolsonaro e se disse otimista com o futuro do Brasil. Ele também disparou contra a decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de segurar os pedidos de impeachment de Bolsonaro e mencionou o orçamento secreto.

“Lamentavelmente, a história nos pregou uma surpresa: nunca imaginei que, depois da Constituição de 1988 e do fim do regime militar, a gente fosse eleger presidente uma figura como o Bolsonaro”, disse Lula. “Jamais imaginei que a gente fosse eleger alguém tão negacionista, que não quer aprender as coisas, que diz que não entende de política social, de educação, de saúde. Alguém que tenta vender remédio que não presta para a pandemia.”

Antes do evento, o ex-presidente se reuniu com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Na sequência, no Sciences Po, ele afirmou que o Brasil “está sendo destruído e precisa ser reconstruído”.

“Eu não acredito que Deus é contra a América Latina. Não é possível que nenhum país da América Latina tenha se desenvolvido, crescido economicamente, industrialmente, na melhoria da qualidade de vida de seu povo. O único país que conseguiu dar um salto é Cuba, mesmo assim é vítima de um bloqueio de mais de 60 anos. Eles resolveram o problema da educação, da dignidade e da cidadania.”

Lula ainda criticou a condução política da Lava Jato, especialmente a atuação do ex-juiz Sergio Moro, e as consequências do golpe de 2016 contra a então presidenta Dilma Rousseff.  “Foram cinco anos de luta pela justiça, até que o STF viesse a estabelecer a suspeição e a parcialidade do juiz que me condenou sem provas e sem causa”, declarou o petista.

Com o golpe, prosseguiu Lula, “o que se pretendia era aniquilar o projeto de um país mais justo, soberano, comprometido com a sustentabilidade ambiental e democraticamente integrado ao mundo”. Ele afirmou, porém, que mesmo diante da “gravíssima situação e de todos os retrocessos impostos ao país e ao povo brasileiro nos anos recentes”, deixaria “uma palavra de esperança”.

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