Justiça

TSE decide indeferir candidatura de Neri Geller ao Senado por Mato Grosso

A defesa do postulante, apoiador de Lula, diz que recorrerá ao Supremo e que o nome do parlamentar seguirá nas urnas

O ex-deputado Neri Geller volta à Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Apoie Siga-nos no

O Tribunal Superior Eleitoral decidiu, por unanimidade, negar o registro da candidatura de Neri Geller (PP-MT) ao Senado, em votação nesta quinta-feira 29. Os ministros acompanharam o voto do relator, Raul Araújo, com o entendimento de que houve uso de “triangulações de contas bancárias” para captar doações de pessoas jurídicas para financiamento de campanha.

Em agosto, o TSE havia cassado o mandato de Geller como deputado federal e tornado o seu nome inelegível.

Porém, em 9 de setembro, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso autorizou o registro da candidatura, com a compreensão de que a decisão que o tornara inelegível havia sido tomada fora do prazo previsto. Após um recurso do Ministério Público Eleitoral, o TSE reformou a decisão do TRE-MT.

Procurado por CartaCapital, Geller disse respeitar o Judiciário, mas afirmou que os ministros cometeram um “erro gravíssimo” e que apresentará um recurso no Supremo Tribunal Federal. Além disso, declarou que o seu nome continuará nas urnas no domingo 2, com a possibilidade de receber votos.

O deputado alegou que os recursos financeiros analisados pelo TSE foram obtidos pela comercialização de soja e milho como produtor rural com as empresas Bunge e Seara.

Segundo ele, os recursos foram compartilhados com o seu filho de 22 anos, que também é o seu sócio, e as transações foram declaradas no Imposto de Renda e comprovadas em notas fiscais já apresentadas à Justiça.

O parlamentar, que é da chapa do ex-presidente Lula (PT), também questiona a paralisação do processo por quase dois anos e o seu andamento somente às vésperas da eleição.

“Quero restabelecer a verdade. Esse recurso não veio para caixa dois. Veio da minha atividade agrícola”, declarou à reportagem. “O Judiciário foi induzido ao erro. (…) Eu não posso recuar. A única coisa que eu quero é que vocês olhem o processo. A Bunge e a Seara não foram chamadas para serem ouvidas. Você acha que uma multinacional, com as suas contas auditadas, iria dar dinheiro para caixa dois? Cometeram um erro gravíssimo.”

A defesa do parlamentar também afirma que houve “confusão” no processo.

À reportagem, a defesa argumentou que a ação havia sido ajuizada em dezembro de 2018, e o Ministério Público havia dito exclusivamente que Geller teria abusado do seu poderio financeiro e distribuído 1,1 milhão de reais para candidaturas de deputado estadual, extrapolando o teto do financiamento de campanha.

Segundo a defesa, a contestação ocorreu em abril e maio de 2019, e as audiências de instrução aconteceram em agosto do mesmo ano. Naquele ano, o parlamentar e o filho chegaram a ter o sigilo bancário quebrado.

Em agosto de 2020, quando o processo foi a julgamento, o relator em Mato Grosso votou a favor de sua inocência, mas “ampliou” o objeto e entendeu que os recursos da Bunge e da Seara teriam sido doações de campanha.

“O que me cassou foi que eu teria recebido recursos de fontes vedadas e que eu teria feito triangulação com o meu filho. Das outras coisas, eu fui inocentado”, declarou Geller. “Não quero afrontar o Judiciário, mas se os ministros olharem o processo, com certeza vão me inocentar.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo