Economia

Primeira reunião entre Lula e Campos Neto ocorre nesta quarta; relembre as críticas do presidente ao banqueiro

Ao longo do ano, petista alternou entre críticas ao BC e à figura do seu presidente; essa será a primeira vez que os dois ficam frente a frente

Luiz Inácio Lula da Silva e Roberto Campos Neto. Foto: Mauro Pimentel/AFP e Sergio Lima/AFP
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), vão se encontrar nesta quarta-feira 27 no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Esse será o primeiro encontro entre eles, embora recados já tenham sido trocados entre ambos desde o início do ano, especialmente por meio de críticas que Lula já fez ao patamar da taxa Selic no país.

Ao longo de todo o ano, Lula e aliados do governo não apenas criticaram os altos juros no país – atualmente, em 12,75% ao ano -, mas a própria autonomia do BC e a condução de Campos Neto à frente da instituição. Tanto que, em várias passagens, Lula sequer mencionava o nome de Campos Neto, referindo-se a ele como “cidadão”.

A primeira crítica direta de Lula foi feita ainda em janeiro. Àquela altura, o presidente disse que a independência do BC era uma “bobagem”. Em fevereiro, quando a Selic estava em 13,75% ao ano, Lula apontou que o Brasil teria uma “cultura de juros altos” e que Campos Neto devia explicações ao país.

O presidente se queixava, por exemplo, da falta de diálogo com o banqueiro. “Quando tinha o [Henrique] Meirelles [à frente do BC], eu conversava com o Meirelles”, disse Lula, em referência à ausência de conversa com Campos Neto.

Em abril, durante uma reunião ministerial, Lula disse aos membros do governo que continuava achando “que estão brincando com o país, sobretudo com o povo pobre”, em referência à política do BC. Apesar disso, as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) não resultavam em queda nos juros. No meio do ano, Lula apontou que era “irracional” o que estava acontecendo no país, pelo fato do país ter a Selic no patamar que estava, a despeito da inflação estar em 5%.

As críticas não eram apenas de Lula: integrantes do governo – incluindo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente, Geraldo Alckmin – endossaram, ao longo do ano, as impressões do presidente. Campos Neto, entretanto, não respondia as críticas de maneira direta ao presidente, mas indicava, em aparições públicas, que os juros deveriam ser mantidos no patamar em que estavam.

Em junho, ao sancionar a lei que retomou o programa Minha Casa, Minha Vida, Lula foi mais direto. Falando da necessidade de crédito para o financiamento de casas populares, Lula disse que “o presidente do Banco Central tem que entender que ele não é dono do Brasil”. 

Pouco tempo depois, já no início de agosto, Lula se mostrou ainda mais impaciente com Campos Neto, levando as críticas para além do BC e direcionando-as ao chefe da instituição. “Não sei do que ele entende”, desabafou Lula, “mas ele não entende de Brasil e não entende do povo”. Lula apontou, ainda, que não sabia “a quem que ele [Campos Neto] está servindo”, mas, “aos interesses do Brasil, não é”.

Fontes do Planalto afirmam que o pedido do encontro de hoje partiu de Campos Neto, o que levou Lula a fazer contatos com aliados que têm trânsito com a autoridade monetária. Haddad estará, segundo a agenda oficial do petista, presente na reunião, marcada como último compromisso de Lula nesta quarta-feira.

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