Mesmo com a posição do PT do Rio de Janeiro de retirar o apoio a Marcelo Freixo ao governo do estado, a Executiva Nacional do partido pretende manter o acordo, mas voltará a exigir do PSB a remoção da candidatura de Alessandro Molon ao Senado.
A confirmação foi feita a CartaCapital nesta quarta-feira 3 pelo deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).
Na terça-feira 2, o presidente estadual do PT, João Maurício, apresentou à Executiva Estadual uma resolução em que defende o rompimento formal da aliança com o PSB. No documento, que deve ser aprovada na convenção partidária hoje, o dirigente cita o “descumprimento de um acordo feito entre Molon e Freixo, entre o PT e o PSB” para que o candidato ao Senado na chapa fosse o deputado estadual André Ceciliano (PT).
“Neste cenário, infelizmente não é mais possível manter o apoio a candidatura Freixo ao governo do estado”, diz trecho do texto. “E vamos, nos próximos dias, debater alternativas de coligação majoritária com a Direção Nacional do PT e com os partidos da Federação para que tenhamos um forte palanque do Lula no nosso Estado”.
João Maurício chegou a declarar que “a postura egoísta e divisionista de Molon está destruindo a maior aliança feita na esquerda nos últimos 20 anos”. Para ele, não há como “seguir numa chapa onde querem excluir o PT”.
A palavra final, no entanto, será da Executiva Nacional da legenda, que se reúne nesta quinta-feira 4 para discutir as divergências das alianças do partido em alguns estados.
“O PT vai apoiar o Freixo e exigir do PSB o cumprimento do acordo”, afirmou Teixeira em contato com a reportagem. Publicamente, o ex-presidente Lula (PT) tem reforçado o seu apoio ao candidato do PSB no estado.
Os pessebistas têm variado nas posições. O vice-presidente da sigla no Rio, o deputado Carlos Minc, defende que o desempenho nas pesquisas eleitorais seja um dos critérios para se definir o nome que concorrerá a uma vaga no Senado na chapa. O presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, disse que o impasse se resolverá com “diálogo e convencimento”. Em julho, Freixo cobrou a desistência de Molon.
Levantamento do Real Time Big Data mostra um empate triplo entre Molon, Romário (PL) e Marcelo Crivella (Republicanos).
O que for definido no Rio de Janeiro pode impactar diretamente a campanha nacional de Lula, que tem como vice o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSB. Para o cientista político Josué Medeiros, da UFRJ, o fim da aliança no estado, que é o terceiro maior colégio eleitoral do País, inviabilizaria a candidatura de Freixo e prejudicaria a de Lula.
“O Lula perderia um palanque bastante organizado e o Freixo perderia o cabo eleitoral e a perspectiva de vencer as eleições”, avaliou. “Ter um palanque organizado é muito importante para Lula neste cenário em que o Bolsonaro diminui a diferença no Rio, em Minas e em São Paulo”.
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