Economia

‘O Brasil já perdeu a paciência’, diz Lindbergh após o Banco Central manter a Selic em 13,75%

A CartaCapital, o deputado petista afirmou que ‘a tática de conciliação não adianta’

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A decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano repercutiu entre lideranças políticas e agentes do mercado que aguardavam sinais de redução a partir de agosto.

Para o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), a manutenção do índice da Selic demonstra haver “claro interesse” do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de sabotar o programa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Lula foi eleito pelo povo, com uma votação extraordinária e falando em crescimento econômico, geração de emprego e distribuição de renda. Já esse Campos Neto está lá com uma política absurda que sabota o Brasil e o governo Lula”, afirmou a CartaCapital nesta sexta-feira 23. “Isso pode colocar a economia brasileira em estado de estagnação. E é isso o que queremos evitar”.

As declarações foram concedidas ao programa Direto da Redação, no Youtube.

O comunicado divulgado após a reunião do Conselho de Política Monetária não indica um aumento do índice no próximo encontro, mas pede paciência e cautela. Segundo o parlamentar, os recados do Copom são um “deboche” com o povo brasileiro.

“Esse comunicado é um absurdo. Ele observa a opinião do mercado, dos bancos, das instituições financeiras, tira uma média e decide a partir disso. O comunicado é um deboche, fala de cautela, parcimônia e sinaliza que o ideal não era baixar [a Selic] em agosto”, pontou. “Sabe o que aconteceu hoje? O mercado mudou as projeções para setembro. Foi uma posição dirigida para influenciar o mercado.”

De acordo com Lindbergh, a única solução é rever a lei que tornou o BC independente. A regra, que passou a vigorar em fevereiro de 2021, prevê mandatos de quatro anos para os diretores do banco em ciclos não coincidentes com as gestões de presidentes da República.

“Há um tempo eu diria que era impossível afastar o Campos Neto. Agora, fica muito claro qual é a política monetária do Banco Central. Na verdade, há um objetivo muito claro de prejudicar o governo do presidente Lula. Esse é uma questão do Senado, foi quem o colocou lá. Foi indicação de Bolsonaro, mas houve a sabatina no Senado. Por outro lado, também deve ter mobilização popular”, defendeu.

A ideia do petista é reunir empresários descontentes com o nível da Selic e pedir uma audiência com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para discutir o tema. Além disso, argumenta, será necessário encampar uma campanha de mobilização nacional.

“Tudo isso vai criando corpo para forçar o Senado no caminho de uma decisão. No começo, o governo apostou na conciliação. Inclusive, chegaram a pensar que apresentando o arcabouço fiscal, o Banco Central iria abaixar a taxa de juros no outro dia. Cadê? Não fez nada. Está muito claro que a tática de conciliação não adianta”, prossegue. “O comunicado pede paciência, mas eu digo: o Brasil já perdeu a paciência”.

Esta foi a sétima vez que o BC manteve a Selic em 13,75%, a maior taxa desde 2016. A última vez que houve alteração foi em agosto de 2022 – quando saiu de 13,25%.

Após a decisão, Lindbergh Farias apresentou uma denúncia ao Conselho Monetário Nacional contra o presidente do BC pelo descumprimento dos princípios que norteiam a atuação da autoridade monetária.

No documento, o parlamentar solicita que o CNM avalie a possibilidade de afastar Campos Neto. Essa é uma das prerrogativas do conselho, do qual também fazem parte os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento).

De acordo com a Lei Complementar nº 179/2021, o presidente e os diretores podem ser exonerados “quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central”. Ainda assim, uma eventual decisão deste tipo precisaria ser submetida ao crivo do Senado. 

No centro da nova ofensiva contra a taxa de juros, o senador Randolfe Rodrigues articula a convocação de Campos Neto à Casa Alta para prestar esclarecimentos à Comissão de Assuntos Econômicos. A audiência, no entanto, ainda precisará ser avalizada pelos integrantes do colegiado.

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