Política

Mulheres e nordestinos são os eleitores que mais reprovam Bolsonaro, mostra PoderData

Nos dois grupos, o desempenho negativo do ex-capitão é de cerca de 60%

Bolsonaro, ao lado de Michelle, em ato de campanha voltado para mulheres. Foto: Silvio AVILA / AFP
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A nova rodada da pesquisa PoderData, divulgada nesta quinta-feira 8, mostra que Jair Bolsonaro (PL) é reprovado por 54% dos eleitores brasileiros e aprovado por apenas 39%. O índice negativo, de acordo com o levantamento, é ainda maior entre mulheres e nordestinos, grupos em que a desaprovação ao atual governo salta para 60% ou mais.

No caso das mulheres, o governo é reprovado por exatos 60% e aprovado por apenas 31%. O índice difere bastante dos eleitores homens, grupo em que o ex-capitão consegue 48% de aprovação e 47% de reprovação ao trabalho da sua gestão.

Não por acaso, Bolsonaro tem investido tempo e esforço de campanha em conquistar o voto feminino, como, por exemplo, o uso da imagem de Michelle. A aparição da primeira-dama chegou a ser limitada pela Justiça Eleitoral, uma vez que aparecia em tela por mais tempo do que o permitido na legislação.

Os resultados positivos, porém, como mostra a pesquisa desta quinta, ainda são pouco efetivos. O fato pode estar relacionado aos recentes ataques de Bolsonaro a mulheres integrantes da imprensa, como a jornalista Vera Magalhães, no debate da Band, ou Amanda Klein, durante a sabatina na Jovem Pan. Neste 7 de setembro, o ex-capitão insistiu ainda em uma série de discursos machistas ao lado de Michelle.

Outro grupo que mantém alta rejeição ao atual governo é formado pelos eleitores nordestinos, segmento no qual Bolsonaro é reprovado por 61% e aprovado por apenas 32%, segundo a PoderData. Historicamente, essa parcela da população tem dado vitórias eleitorais significativas aos políticos petistas. Nesta eleição, Lula domina por larga vantagem todas as principais pesquisas de intenções de voto na região. Os resultados têm levado, inclusive, a colegas de PL a abandonarem Bolsonaro para apoiar o petista nestas eleições.

A desvantagem também fez com que Bolsonaro ampliasse o volume de agendas na região desde junho. Naquela ocasião, peregrinou por festas de São João e fez motociatas por onde passou. Na mais recente delas, na Bahia, tornou a andar de moto sem capacete e a insinuar que não existe fome no Brasil. Na região, pregou ter ‘olhado e muito’ pelos mais pobres. Os resultados eleitorais, no entanto, seguem bem abaixo do seu desempenho geral.

Nas demais regiões monitoradas pelo levantamento desta quinta, Bolsonaro só leva alguma vantagem numérica no Centro-Oeste, área fortemente dominada pelo agronegócio, um de seus principais fiadores neste pleito. Na região, o ex-capitão consegue, segundo a pesquisa, 48% de aprovação e 47% de reprovação. No Norte e Sul as taxas negativas são de 57% e 55%, respectivamente. No Sudeste o índice cai para 50%. Veja os números:

É importante destacar ainda que os índices gerais aferidos pela PoderData nesta quinta-feira oscilaram dentro da margem de erro da pesquisa. Houve, no entanto, um estreitamento da distância entre o grupo positivo e o negativo. Há 7 dias, a diferença entre reprovação e aprovação era de 18 pontos percentuais, nesta quinta, é de 15 pontos.

Bolsonaro é ruim ou péssimo para 49% dos eleitores

A pesquisa PoderData também mediu a avaliação do trabalho individual de Bolsonaro. Neste caso, o atual presidente é considerado ‘ruim ou péssimo’ por 49% dos eleitores. Só 34% dizem que o trabalho dele seria ‘bom ou ótimo’.

Assim como na avaliação do governo, a atuação individual de Bolsonaro tem os piores resultados entre mulheres e nordestinos. No eleitorado feminino, o índice negativo é de 56%. Já no Nordeste, a taxa sobe para 58%. Novamente, o melhor desempenho de Bolsonaro é entre os homens, com 42% de ‘bom e ótimo’ e 41% de ‘ruim ou péssimo’, e no Centro-Oeste, onde tem 41% de indicação negativa e 35% positiva. Norte e Sudeste também dão índices menos negativos do que o ranking geral. Veja os números:

Auxílio Brasil e evangélicos

Há ainda no levantamento outros dois índices que mostram resultados diferentes daqueles esperados pela campanha do ex-capitão.

É o caso dos beneficiários do Auxílio Brasil que, apesar de terem recebido um aumento de 200 reais no último mês, seguem reprovando mais do que aprovando o trabalho do atual governo. Ao todo, 54% daqueles que têm acesso ao programa de renda desaprovam a gestão Bolsonaro. Só 34% marcam aprovação. Apesar da grande desvantagem, vale ressaltar que há uma melhora nos índices quando comparados ao último levantamento.

Outra parcela em que a campanha apostava em uma consolidação maior era a de eleitores evangélicos. Apesar da ampliação das agendas e do discurso em linha com a base mais conservadora, Bolsonaro viu cair significativamente seu apoio. Há uma semana o grupo que marcava aprovação ao seu governo era de 59%, hoje é de 52%. A taxa negativa, por sua vez, saltou de 35% para 42% em apenas uma semana.

A pesquisa PoderData é contratada pelo site Poder360 em parceria editorial com a TV Cultura. Os dados foram coletados entre os dias 4 e 6 de setembro a partir de 3.500 mil entrevistas por telefone. A margem de erro geral é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral é o BR-03760/2022.

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