Política
Ministro confirma que sogro usa seu gabinete, mas nega ilegalidade
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o sogro de Juscelino Filho, Fernando Fialho, chegou a despachar do local sem a presença do ministro
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, confirmou que seu sogro, Fernando Fialho, despachou na sede da pasta, em Brasília, mas negou irregularidades no envolvimento informal.
Uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta segunda-feira 5 mostrou que Fialho frequenta o gabinete do genro, mesmo sem ter sido nomeado para qualquer cargo público.
A matéria identificou, via Lei de Acesso à Informação, que entre fevereiro e março Fialho recebeu ao menos quatro convidados no ministério. Nem todos os acessos de visitantes entram nos registros, o que não confere total precisão aos dados.
Em umas das vezes em que recebeu convidados, em 17 de março, Fialho esteve com um empresário que afirmou à reportagem ter tratado de internet e debatido “expansão de conectividade”. No registro da portaria, consta a entrada de Luiz Claudio Soares Pereira, diretor da Infovia Digital, para “falar com Fernando Fialho”. Juscelino Filho estava no Maranhão.
Fialho não tem relação com a área das Comunicações. Atualmente, controla cinco empresas nos ramos de portos, construção, mineração, criação animal e consultoria, segundo dados da Receita Federal. Também já foi diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários, entre 2006 e 2012, e exerceu o cargo de secretário de Estado do Maranhão, entre abril de 2012 e dezembro de 2014, no segundo governo de Roseana Sarney (MDB). A passagem pela Secretaria rendeu um processo na Justiça do Maranhão no qual é réu, acusado de desvio de dinheiro público.
Em nota, o Ministério das Comunicações classificou Fialho como um conselheiro informal de Juscelino Filho. A pasta exaltou suas “qualificações profissionais – técnicas e acadêmicas” –, alegou que ele esteve próximo a Juscelino no começo da gestão e disse que ele contribuiu “com sua experiência” de forma espontânea, “prática essa muito comum em períodos de formação e formulação de um novo governo”.
Segundo a nota, Fialho esteve “eventualmente” na pasta “para conversar com o ministro” e, nessas ocasiões, participou de reuniões, “o que também não é incomum”.
Procurado pela reportagem, o sogro do ministro confirmou ter estado no ministério algumas vezes, principalmente no início do ano, e declarou ser “falacioso” e “leviano” dizer que ele atua na pasta ou exerce qualquer função. O empresário também apontou que sua contribuição “é meramente de um conselheiro informal”.
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