Política
Mensagens em celulares de aliados de Bolsonaro evidenciam plano de golpe com prisão de Moraes, diz PF
Conclusão da corporação foi revelada pelo jornal O Globo desta terça-feira 16, poucas horas antes do depoimento de Jair Bolsonaro
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As mensagens contidas em celulares de aliados de Jair Bolsonaro (PL) presos pela Polícia Federal na Operação Venire evidenciam um plano de golpe de Estado que rondava o Palácio do Planalto. A conclusão da corporação foi revelada por reportagem do jornal O Globo publicada nesta terça-feira 16, poucas horas antes do depoimento do ex-presidente.
“[Os diálogos] deixam evidente a articulação conduzida por Ailton Barros e outros militares, para materializar o plano de tentativa de golpe de Estado no Brasil, em decorrência da não aceitação do resultado da eleição presidencial ocorrida em 2022, visando manter no Poder o ex-Presidente da República Jair Bolsonaro e restringir o exercício do Poder Judiciário brasileiro, por meio da prisão do Ministro Alexandre de Moraes, do STF”, diz um trecho do relatório da PF obtido pelo jornal.
A PF chegou nesta conclusão após analisar áudios e prints de conversas nos celulares dos seis presos na operação que apura a fraude em cartões de vacinação. Estão envolvidos na trama golpista o ex-major do Exército Ailton Barros, o coronel Élcio Franco e outro militar ainda não identificado. O celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, seria a principal fonte das declarações.
Este é o Coronel Elcio Franco que aparece no centro da trama golpista – Agência Brasil
O plano, mostra o jornal, tinha uma sequência definida. Primeiro, a iniciativa era incitar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e hostilização das urnas eletrônicas. Ao mesmo tempo, os aliados de Bolsonaro sugeriam que a cúpula do Exército fosse procurada e convencida a não aceitar o resultado das eleições de 2022. Por fim, eles planejavam a prisão de Alexandre de Moraes.
A trama, importante mencionar, já havia sido descrita, em partes, em outros áudios e conversas revelados pela emissora CNN Brasil. Os dados, por decisão de Alexandre de Moraes proferida em abril, integram também o inquérito que apura os responsáveis pelos ataques de 8 de Janeiro.
Há, nas investigações, duas mensagens de Ailton Barros para um contato denominado PR 01 que, segundo a própria PF, possivelmente está relacionado ao ex-presidente Bolsonaro. Nelas, o ex-militar informa que organizadores dos atos de 7 de Setembro de 2021 iriam acampar em Brasília para pressionar os ministros do STF a ‘saírem de suas cadeiras’ no dia 31 de março de 2022, data do golpe militar de 1964. Em outra, ele diz ser possível inserir pautas de interesse do ex-capitão nestes grupos de apoiadores. Entre elas estava o impeachment de Moraes e um ataque coordenado às urnas eletrônicas. As duas mensagens de Ailton ao PR 01 foram encaminhadas em prints a Mauro Cid, mas ainda não é possível saber se ele respondeu.
Foto: Alan Santos / PR
A conclusão da corporação é de que Barros tinha proximidade não apenas com o ajudante de ordens, mas também com Bolsonaro. Importante lembrar que, na última eleição, ele concorreu ao cargo de deputado no Rio de Janeiro com o slogan ‘zero um de Bolsonaro’. O ex-capitão, por sua vez, chamou publicamente o militar de ‘segundo irmão’.
Apesar das indicações, a defesa de Bolsonaro segue negando a proximidade entre o ex-presidente e Ailton Barros. Segundo o advogado Fábio Wajngarten, que é também ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, o ex-militar tentou se aproximar do ex-presidente durante o período eleitoral, mas nunca tratou de temas golpistas.
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