Economia

Maioria da população me culpa pelos problemas do Brasil, lamenta Bolsonaro

Ex-capitão alegou não querer se eximir, mas voltou a responsabilizar o PT e governadores pelas mazelas econômicas do País

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) lamentou nesta sexta-feira 29 ser apontado pela população como o principal culpado pelos problemas econômicos registrados no Brasil durante a sua gestão. Em entrevista à rádio Metrópole, de Cuiabá (MT), o ex-capitão disse que não quer se eximir da responsabilidade, mas voltou a culpar os governos anteriores e dos estados pelas mazelas econômicas do País.

“Nenhum governo na história do Brasil pegou tantos problemas como eu peguei. E a população, em grande parte, culpa a mim por esse problema e não culpa os governadores que obrigaram a população a ficar em casa”, afirmou Bolsonaro ao tratar da inflação recorde registrada em seu governo.

Mais adiante, o ex-capitão tentou minimizar o lamento, ao tentar apontar outros responsáveis pelas crises de preços durante seu governo.

“Com todo respeito, não quero me eximir de responsabilidade, mas se só o Brasil estivesse indo mal, poderia culpar a mim, que sou o maior responsável. Agora, tá o mundo todo indo mal”, alegou. O presidente ainda mentiu ao dizer que o País não teria um dos piores índices de inflação. Na verdade, o Brasil tem o terceiro pior resultado do G20.

Durante a entrevista, Bolsonaro ainda usou a guerra entre Rússia e Ucrânia, a pandemia, o lockdown imposto por governadores e a gestão petista no Planalto para alegar que a crise não estaria ligada ao seu controle em Brasília.

O presidente ainda confirmou que o Brasil deverá ter um novo aumento no preço dos combustíveis nas próximas semanas. A justificativa usada por ele, novamente, foi o conflito no leste europeu.

“A Rússia cortou o fornecimento de gás para Polônia e Bulgária, em consequência, eles têm que buscar outras fontes alternativas de energia e estão buscando o diesel. Em consequência, a procura de diesel aumentou na Europa e, faltando pra cá, vem aumento de combustível de novo”, anunciou.

“Não afeta apenas o caminhoneiro, ele é o primeiro a levar paulada, mas afeta todo mundo, porque nós vivemos de frete. O frete aumentando seu valor, aumenta os preços dos alimentos e demais gêneros”, acrescentou.

Mudança de discurso

Para além da crise econômica, Bolsonaro voltou ainda a defender o perdão concedido a Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito anos e nove meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Desta vez, no entanto, o presidente não direcionou novos ataques aos ministros da Corte, mas se pautou pelos mesmos argumentos de ‘correção de injustiça’ usados ao longo da semana.

Outra mudança no discurso nesta sexta-feira diz respeito ao tema corrupção. Se antes alegava categoricamente ter acabado com ela no Brasil, agora o ex-capitão modera o tom e admite que podem existir casos na sua gestão, mas, segundo ele, sem o seu conhecimento.

“Acabamos…praticamente acabamos…com a corrupção no Brasil. Não vou dizer que não tem corrupção no Brasil. Se tem, eu não sei. Pode aparecer? Pode. Se aparecer, a gente vai colaborar com o Poder Judiciário e ver de quem é a responsabilidade”, disse.

Recentemente, Bolsonaro convive com diversas acusações de corrupção envolvendo membros de seu governo, em especial, seu ministro da Casa Civil Ciro Nogueira e o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

No caso mais evidente, que culminou na demissão de Ribeiro, as revelações dão conta de que o presidente deu aval à instalação de um gabinete paralelo formado por pastores no MEC. Os religiosos Arilton Moura e Gilmar Santos organizaram um esquema de propina em troca da liberação de verbas do FNDE. O fundo da Educação é comandado por Marcelo Ponte, ex-assessor de Nogueira.

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