Política

Bolsonaro cita processo eleitoral e diz que comando da Forças Armadas ‘sabe o que fazer’

O ex-capitão afirmou que o TSE tem de ‘convencer as Forças Armadas’ sobre razões para não acolher propostas dos militares

O presidente Jair Bolsonaro (PL) em live de 28 de abril. Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a sua transmissão ao vivo nesta quinta-feira 28 para rebater o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, pela declaração de que as Forças Armadas estariam sendo orientadas a atacar as eleições.

Bolsonaro lembrou que ocupa a posição de “Chefe Supremo das Forças Armadas” e disse manter relações por meio do Ministério da Defesa e de “conversas reservadas” com o alto comando.

“De vez em quando eu converso com os comandantes de Forças, com o alto comando das Forças. Sem problema nenhum. Conversas reservadas. Agora, dizer que essa orientação só pode ser de mim. Não vai ser uma outra entidade, ONG, ou seja lá quem for, que vai orientar”, afirmou.

Na sequência, disse que as Forças Armadas são “instituição permanente” e têm “leitura política” do País.

“As Forças Armadas vão receber orientação de quem? Ah, pelo amor de Deus. As Forças Armadas são uma instituição permanente. São pessoas qualificadas. Um general do Exército tem aí no mínimo 44 anos de serviço. Sabe o que tem que fazer, sabe o que está na Constituição e tem uma leitura política do que está acontecendo no Brasil também“, afirmou.

Bolsonaro voltou a citar o convite do Tribunal Superior Eleitoral para as Forças Armadas participarem da observação do processo eleitoral e ironizou manifestações de oposição à cooperação militar.

“Agora estou vendo notícia na imprensa que não querem aceitar as observações das Forças Armadas. A gente não fala, nas observações, de voto em papel. Seriam nove observações que o TSE não basta apenas trazer para si. Tem que despachar, convencer a equipe técnica das Forças Armadas de algo diferente. Pelo que estou sabendo, a reunião houve e não se chegou a conclusão de nada”, afirmou.

O ex-capitão tornou a ironizar a posição do TSE de “confiar nas eleições”.

“Para o TSE, está uma maravilha, vamos confiar nas eleições. E quem desconfiar? Ué, continua desconfiando. O que eu posso garantir para vocês? Nós teremos eleições limpas no corrente ano. Isso é o que todo mundo quer. Acredito que sem exceção. A não ser aquelas pessoas que pensam em fazer algo com que nós não concordamos.”

Em seguida, disse que as Forças Armadas “continuam trabalhando” e terão mais reuniões para “convencer o TSE” de que as sugestões dos militares deveriam ser acolhidas.

Bolsonaro se refere à apresentação de “propostas colaborativas, plausíveis e exequíveis” feita pelas Forças Armadas ao TSE em relação ao processo eleitoral. Na quarta-feira 27, o presidente disse que uma das sugestões foi a realização de uma apuração de votos paralela pelos militares.

O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) chegou a questionar o TSE e o Ministério da Defesa sobre os detalhes das propostas das Forças Armadas para as eleições.

Em evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro declarou que as Forças Armadas não agiriam “como moldura” nem iriam “bater palmas” para o processo eleitoral.

As declarações ocorrem em um momento de tensão entre os militares e Barroso, ex-presidente do TSE. Depois de dizer que as Forças Armadas estariam sendo orientadas para agir contra a eleição, o magistrado foi rebatido pelo Ministério da Defesa, que classificou a afirmação como “ofensa grave”. O atrito mobilizou o atual presidente da Corte Eleitoral, Edson Fachin, a tentar apaziguar a situação.

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