Política

Lira confirma o favoritismo e é reeleito presidente da Câmara dos Deputados

Ele terá um um novo mandato de dois anos à frente da Casa

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Foto: Sergio Lima/AFP
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), confirmou seu favoritismo e foi reeleito nesta quarta-feira 1º, dia de abertura dos trabalhos da nova legislatura, com o apoio do governo Lula (PT). Ele terá um um novo mandato de dois anos.

Lira teve 464 votos dos 513 possíveis, um número recorde. Confira o placar da disputa:

  • Arthur Lira: 464 votos
  • Chico Alencar (PSOL-RJ): 21 votos
  • Marcel Van Hattem (Novo-RS): 19 votos

Arthur Lira exerceu seu primeiro biênio na presidência da Casa com um poder sem precedentes, irrigado majoritariamente pelo orçamento secreto, uma espécie de moeda de troca entre o governo federal e o Congresso Nacional, já que essas emendas não precisavam ser distribuídas de forma igualitária entre os parlamentares.

Assim, Lira e a gestão Bolsonaro contemplaram deputados e senadores aliados com verbas além daquelas a que eles teriam direito. O mecanismo foi utilizado pelo ex-capitão para angariar apoio em votações importantes, em uma prática que ficou conhecida no meio político como “toma lá, dá cá”.

Em julho passado, Lira literalmente vestiu a camisa de Bolsonaro e foi exaltado na convenção em que o PL apresentou oficialmente a candidatura do então presidente da República à reeleição. Quatro meses depois, o deputado foi xingado por bolsonaristas em um jantar promovido pelo PL, devido ao seu diálogo com o recém-eleito presidente Lula.

O deputado teve, de fato, papel de destaque nas primeiras batalhas do novo governo petista no Parlamento. Em dezembro, costurou a aprovação da PEC da Transição, a viabilizar a recomposição de um Orçamento capenga deixado por Bolsonaro. A proposta garantiu, por exemplo, o Bolsa Família de 600 reais.

Também deu uma resposta contundente aos atos terroristas de 8 de janeiro, quando, além de condenar a ação bolsonarista e cobrar punição, levou à Procuradoria-Geral da República uma notícia-crime contra vândalos que depredaram as instalações da Câmara. Dias depois, articulou a célere aprovação da intervenção decretada por Lula na Segurança Pública do Distrito Federal e, de quebra, levou figuras da oposição para rechear um encontro do petista com os chefes dos Poderes no dia 9, em Brasília.

Ao longo de 2021 e 2022, os dois anos de seu mandato, Lira foi um fiel aliado de Bolsonaro. Sentou-se sobre as centenas de pedidos de impeachment, apesar dos reiterados crimes de responsabilidade. Foi, também, fundamental para garantir a aprovação de medidas eleitoreiras planejadas para turbinar a campanha do então presidente. A política real, no entanto, se impôs sobre eventuais críticas do PT à atuação de Lira.

“Não é hora de fazer luta política, marcar posição, mostrar distinção entre partidos e deputados”, disse a CartaCapital o novo líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR). Segundo ele, a eleição à presidência da Casa não envolve uma disputa real, mas “uma organização de forças e de proporcionalidade para a ocupação dos espaços de comando”.

Mais cedo nesta quarta, os 513 deputados eleitos em outubro passado foram empossados durante sessão solene no plenário Ulysses Guimarães.

Em chamada nominal por estado, cada um dos parlamentares respondeu “assim o prometo” após a leitura do juramento de posse: “Prometo manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”.

A posse dos deputados reeleitos Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Glauber Braga (PSOL-RJ) ocorreu virtualmente. A parlamentar, em licença-maternidade desde janeiro, inicia o segundo mandato. Braga, afastado por motivo de saúde, chega à quinta legislatura.

Oito deputados se licenciarão para exercer cargos no governo Lula (PT). São os ministros:

  • do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede-SP);
  • dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (PSOL-SP);
  • do Turismo, Daniela Carneiro (União-RJ);
  • da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta (PT-RS);
  • da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP);
  • das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA);
  • do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT-SP);
  • e do Trabalho, Luiz Marinho (PT-SP).

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