Política

Lula caminha com autoridades até o STF e volta a prometer a identificação de mandantes do terrorismo no DF

O ato simbólico ocorreu um dia depois de bolsonaristas invadirem e depredarem áreas do Congresso, do Planalto e do Supremo

Foto: Mauro Pimentel/AFP
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O presidente Lula (PT) saiu do Palácio do Planalto na noite desta segunda-feira 9 e caminhou até o Supremo Tribunal Federal ao lado de outras autoridades, como a presidente da Corte, Rosa Weber.

O ato simbólico ocorreu um dia depois de terroristas bolsonaristas invadirem e depredarem áreas do Congresso, do Planalto e do STF.

No meio da Praça dos Três Poderes, Lula declarou que o governo federal intensificará o trabalho de investigação das ações golpistas.

“Não vamos dar trégua até descobrir quem financiou tudo o que aconteceu neste País”, afirmou o presidente. “O que eles querem é golpe, e golpe não vai ter.”

Pouco antes, Lula se reuniu no Planalto com 23 governadores (outros quatro enviaram representantes). Além deles, marcaram presença na agenda, entre outros, o vice-presidente Geraldo Alckmin; Rosa Weber; os ministros do STF Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso; o presidente do Senado em exercício, Veneziano Vital do Rêgo; e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

“Eles não tinham o que reivindicar do governo”, afirmou Lula em seu pronunciamento na reunião. “Estão na frente dos quartéis em quase todo o território nacional reivindicando melhoria da qualidade de vida das pessoas? Mais liberdade? Aumento de salário? Construção de habitação? Melhoria da produção agrícola? Não. Estavam reivindicando golpe. Era a única coisa que se ouvia falar.”

O presidente criticou a atuação das forças de segurança em Brasília e justificou o decreto que oficializou a intervenção federal no DF. A governadora em exercício Celina Leão (PP) afirmou, antes do discurso de Lula, que o governador afastado Ibaneis Rocha (MDB) recebeu “informações equivocadas” sobre as ações terroristas.

“Fui obrigado a tomar uma medida forte, porque a polícia e a inteligência de Brasília negligenciaram. É fácil ver nas invasões os policiais conversando com os agressores”, prosseguiu Lula. “No dia 12 [de dezembro], quando fui diplomado no STF, teve quebra-quebra em Brasília, a Polícia Militar acompanhava as pessoas tocando fogo em ônibus e nada foi feito. Havia uma conivência explícita da polícia.”

Lula também prometeu manter investigações sobre a ação terrorista de domingo e declarou que a apuração não pode se restringir aos participantes do ato.

“Não vamos parar de investigar esses que possivelmente são vítimas, massa de manobra, receberam ajuda para vir aqui. Porque os mandantes certamente não vieram aqui, e queremos saber quem financiou, quem custeou, quem pagou para as pessoas ficarem tanto tempo.”

Segundo ele, o governo não será “autoritário” em nome de promover a defesa da democracia, mas não terá uma conduta “morna”.

“Vamos investigar e chegar a quem financiou”, emendou o petista no encerramento de seu discurso.

De acordo com o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, mais de 1,5 mil pessoas foram presas em flagrante ou detidas em decorrência dos atos de terrorismo. A maioria estava acampada no Setor Militar Urbano.

Presente na reunião com os governadores, Dino elogiou a atuação das Forças Armadas por não terem aderido às mobilizações por um golpe de Estado.

“Quero agradecer pelo papel institucional das Forças Armadas brasileiras, que ouviram, durante meses, o canto demoníaco do golpismo e nele não embarcaram”, afirmou.

Governadores se manifestam

Um governador bolsonarista a se declarar contrário aos atos golpistas foi Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Ex-ministro do último governo, ele manifestou “solidariedade” aos Três Poderes.

“O Brasil construiu a duras penas a sua democracia, que é um valor que tem que ser defendido e exaltado. Essa reunião de hoje significa que a democracia vai se tornar, depois dos episódios de ontem, ainda mais forte”, declarou.

Helder Barbalho (MDB), do Pará, abriu a participação dos governadores e classificou as ações de domingo como um “ato frontal de tentativa de golpe de Estado”. Segundo ele, 16 estados enviaram tropas policiais para apoiar a decisão de intervenção federal no Distrito Federal.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou ter inaugurado um gabinete das forças de segurança e de controle do estado para identificar os participantes e os financiadores dos ataques.

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