Política

Governo de SP comprou programa usado pela Abin para espionar opositores

Aquisição do programa First Mile pela gestão estadual foi revelada pelo jornal O Globo nesta segunda-feira

Foto: Alan Santos/PR
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O governo de São Paulo também adquiriu o programa espião usado pela Abin para monitorar opositores na gestão Bolsonaro. O software First Mile foi comprado pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas a negociação, alega o ex-ministro, foi iniciada na gestão de João Doria (PSDB). As informações são de Bela Megale, no jornal O Globo desta segunda-feira 23.

Na sexta-feira 20, a PF deflagrou a Operação Última Milha, a fim de investigar a utilização indevida, por servidores da Abin, de um sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem autorização judicial. Um dos presos é Rodrigo Colli, profissional da área de contrainteligência cibernética da agência. O outro é o oficial de inteligência Eduardo Arthur Izycki. Ambos são os suspeitos de coagir os colegas para evitar demissão.

Durante a investigação, diz o jornal, a PF identificou o governador paulista como um dos clientes da empresa israelense alvo de apuração. Nesta segunda, Tarcísio confirmou, via assessoria de imprensa, ter comprado o mesmo programa para o estado de São Paulo.

“A Polícia Civil conta com o equipamento desde de 2021 e a Polícia Militar o adquiriu no primeiro semestre de 2023, a partir de uma contratação iniciada em 2022, portanto, na gestão anterior”, diz a nota enviada citada pelo jornal.

Recentemente, lembra a publicação, o secretário de Segurança de Tarcísio, Capitão Derrite, esteve em Israel, país em que a empresa responsável pelo programa espião está sediada, alegando estar em busca de tecnologia na área de segurança. Não está claro se ele se encontrou com representantes da empresa. Segundo a assessoria de Tarcísio, a viagem não teria relação com a compra do software.

Operação Última Milha

Além da prisão dos dois servidores da Abin, a operação da PF mirou cinco diretores da agência, que foram afastados temporariamente. Na casa de um deles, o secretário de Planejamento e Gestão do órgão, Paulo Maurício Fortunato Pinto, a PF apreendeu 171,8 mil dólares em espécie.

O First Mile, programa usado pela Abin, permitia o monitoramento de até 10 mil donos de celulares a cada 12 meses. Bastava digitar o número do contato telefônico desejado no programa. A tecnologia localizava aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G.

O uso feito por São Paulo do equipamento ainda não foi esclarecido. Na gestão federal, a suspeita é de que o sistema era usado para espionar opositores de Bolsonaro.

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