Justiça
Fachin: Comunidade internacional deve estar alerta contra ‘acusações levianas’ à eleição
Em meio a ataques de Bolsonaro, o presidente do TSE reforçou que o sistema de votação ‘é totalmente auditável, com várias entidades fiscalizadoras’


O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, disse nesta terça-feira 31 que a comunidade internacional tem de estar “alerta” ante “acusações levianas” contra o sistema eleitoral brasileiro.
A declaração ocorreu durante uma sessão informativa voltada a embaixadas. O encontro foi fechado para a imprensa, mas a assessoria do magistrado divulgou o discurso. O objetivo da agenda, conforme o tribunal, era promover “um diálogo qualificado entre os especialistas de diversos setores da Corte com diplomatas estrangeiros interessados em acompanhar o pleito deste ano”.
Nas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro decidiu intensificar insinuações que tentam deslegitimar o processo eleitoral – sem, porém, apresentar qualquer evidência de fraude ou de risco à segurança do pleito.
“Convido o corpo diplomático sediado em Brasília a buscar informações sérias e verdadeiras sobre a tecnologia eleitoral brasileira, não somente aqui no TSE, mas junto a especialistas nacionais e internacionais, de modo a contribuir para que a comunidade internacional esteja alerta contra acusações levianas“, afirmou Fachin.
Nesta terça, durante evento em Goiás, Bolsonaro voltou a afirmar que a democracia só se fará mediante eleições livres, democráticas e auditáveis. “Poucas pessoas mandam muito no Brasil, mas nenhuma dela manda em tudo. Antes de tudo, eu sou um servidor de vocês, eu vou para o lado que vocês assim apontarem.”
Fachin, por sua vez, reforçou que, ao contrário do que sugere o ex-capitão, “nosso sistema eletrônico de votação é totalmente auditável, com várias entidades fiscalizadoras, incluindo a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a Ordem dos Advogados do Brasil e os partidos políticos”.
Em seu pronunciamento, Fachin cumprimentou as Forças Armadas pelo trabalho de distribuição das urnas eletrônicas e expôs os riscos envolvidos na disseminação de fake news sobre o sistema eleitoral.
Para envolver a comunidade internacional no combate à desinformação, o TSE convidou diversos organismos e centros a acompanhar o processo eleitoral no Brasil.
Confirmaram presença, de acordo com a Corte: a Organização dos Estados Americanos, o Parlamento do Mercosul, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a União Interamericana de Organismos Eleitorais, a Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais e a Rede Mundial de Justiça Eleitoral, “além da manifestação de elevado interesse do Carter Center”.
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