Política

Entenda a ligação de Carlos Bolsonaro com Alexandre Ramagem e a ‘Abin paralela’

O filho de Jair Bolsonaro e o ex-chefe da Abin estão na mira de uma operação que investiga o suposto uso da agência para monitorar adversários políticos e desafetos

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A Polícia Federal cumpre, na manhã desta segunda-feira 29, novas buscas e apreensões no âmbito da investigação que apura um suposto aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O alvo das ações desta segunda foi o vereador do Rio de Janeiro e filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos). 

Esta nova fase mostra o cerco se fechando contra os Bolsonaro, que teriam, supostamente, utilizado os aparatos de inteligência do Estado para monitorar adversários políticos.

Na semana passada, a PF já havia realizado busca a apreensão em endereços relacionados com o deputado federal e ex-diretor da Abin na gestão bolsonarista, Alexandre Ramagem (PL).

O monitoramento ilegal de desafetos do antigo governo teria acontecido no período em que a agência era chefiada por Ramagem, amigo da família do ex-presidente.

Antes de assumir a Abin, Ramagem foi escolhido por Bolsonaro para comandar a Polícia Federal, mas a nomeação foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. 

À época, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil) afirmou que o ex-capitão desejava interferir na PF.

Ao sair do governo, Moro declarou que o presidente buscava um diretor da PF que lhe transmitisse informações sobre investigações. Disse também que Bolsonaro manifestou especial interesse em inquéritos que tramitam no STF.

Uma das investigações que preocupavam o ex-capitão é o Inquérito das Fake News, que tem entre os alvos seus filhos e aliados. 

Antes da indicação fracassada para a PF, a relação entre Ramagem e a família Bolsonaro já era de proximidade. 

O deputado foi, por exemplo, um dos coordenadores da segurança de Jair Bolsonaro durante a campanha à Presidência em 2018, após a facada em Juiz de Fora (MG). Assim, Ramagem ganhou intimidade com o clã e passou a virada de 2018 para 2019 em uma festa com o vereador Carlos Bolsonaro.

Foto: Reprodução/Redes sociais

Após a eleição de 2018, Ramagem foi chamado para o governo e nomeado assessor especial da Secretaria de Governo, quando a pasta era comandada pelo general Carlos Alberto Santos Cruz. 

Em junho de 2019, deixou a função para assumir a Abin.

Na agência de inteligência, Ramagem é suspeito de ter integrado um grupo que monitorava ilegalmente autoridades, jornalistas e opositores políticos.

Sob o comando do ex-delegado, a agência de inteligência teria espionado, ao menos, 30 mil usuários, sem autorização judicial.

Entre aqueles que teriam sido monitorados pelo grupo estariam os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o atual ministro da Educação, à época governador do Ceará, Camilo Santana (PT).

Além dos monitoramentos ilegais, a PF apura se a agência foi usada a fim de produzir relatórios para a defesa do filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), no caso das “rachadinhas”. Ele nega a suspeita.

Em 2023, a Polícia Federal prendeu dois servidores da Abin e afastou outros cinco diretores. Na ocasião, veio à tona a informação de que Ramagem teria barrado a demissão de funcionários da agência envolvidos no monitoramento ilegal.

A suspeita é que a direção da Abin teria sido chantageada por servidores que supostamente ameaçavam denunciar o uso ilegal da ferramenta First Mile para o monitoramento ilegal.

Alexandre Ramagem foi o escolhido por Jair Bolsonaro como candidato do PL à prefeitura do Rio de Janeiro neste ano. Para coordenar a campanha municipal, o partido chancelou a indicação de Carlos Bolsonaro.

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