Política

Em mais uma derrota para Bolsonaro, Pacheco rejeita pedido de impeachment de Moraes

O presidente do Senado já havia afirmado que não ‘antevia’ fundamentos jurídicos para dar sequência ao processo

Em mais uma derrota para Bolsonaro, Pacheco rejeita pedido de impeachment de Moraes
Em mais uma derrota para Bolsonaro, Pacheco rejeita pedido de impeachment de Moraes
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu rejeitar nesta quarta-feira 25 o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, protocolado pelo presidente Jair Bolsonaro. A decisão, que se baseia em um parecer da Advocacia-Geral do Senado que classificou como improcedente a demanda, deve ser oficializada ainda nesta noite.

Na última segunda-feira 23, Pacheco afirmou que aguardaria o parecer técnico, mas repetiu – a exemplo do que afirmou na sexta-feira 20, dia em que Bolsonaro oficializou o pedido – que não ‘antevia’ fundamentos jurídicos “para dar seguimento”.

O pedido é parte da estratégia de Bolsonaro para intensificar a guerra ao Poder Judiciário. No último dia 4, a pedido do Tribunal Superior Eleitoral, Moraes acolheu uma notícia-crime e incluiu Bolsonaro no chamado Inquérito das Fake News, devido aos ataques do presidente às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral.

Dias antes, o TSE tomou outra decisão que marcou uma reação institucional a Bolsonaro: a abertura de um inquérito administrativo para investigar os ataques infundados e as ameaças do presidente às eleições de 2022.

No documento, o TSE encaminhou ao STF um link para uma transmissão ao vivo de Bolsonaro no fim de julho em que ele fez uma série de alegações falsas contra o sistema eleitoral. Ambas as decisões – a instauração do inquérito e o envio da notícia-crime – foram tomadas por unanimidade pelo tribunal.

Segundo Moraes, a notícia-crime “aponta que, tanto a conduta noticiada quanto sua posterior divulgação por meio das redes sociais se assemelham ao modus operandi anteriormente detalhado e investigado nos autos deste Inquérito 4.781/DF, bem como no Inquérito 4.874/DF, no qual se revela a existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político, com a nítida finalidade de atentar contra as Instituições, a Democracia e o Estado de Direito”.

Na decisão, o magistrado afirma que as condutas de Bolsonaro podem configurar sete crimes: calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia ao crime ou criminoso, associação criminosa e denunciação caluniosa.

Além disso, a decisão de Bolsonaro de oficializar o pedido de impeachment de Moraes se deu no dia em que a Polícia Federal, sob autorização do ministro, cumpriu mandados de busca e apreensão contra apoiadores do presidente, entre eles o cantor Sérgio Reis e o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ).

Em 13 de agosto, também após aval de Moraes, a PF prendeu no Rio de Janeiro o presidente do PTB, Roberto Jefferson, que agora cumpre prisão preventiva no Complexo de Bangu. O bolsonarista, que publicou na internet diversas ameaças às instituições e a ministros do STF, foi detido após Moraes atender a um pedido da Polícia Federal.

O pedido

São mais de 100 páginas de arquivo, mas o pedido ocupa apenas 17. O texto traz somente a assinatura de Bolsonaro, sem qualquer menção à participação da Advocacia-Geral da União.

Entre os ‘argumentos’ está a acusação de que Moraes cometeu crime de responsabilidade “ao atuar como verdadeiro censor da liberdade de expressão ao interditar do debate de ideia e o respeito à diversidade”.

O chefe do Executivo Nacional afirmou que não há de sua parte, “sequer em hipótese, qualquer possibilidade de ruptura, como quer fazer crer parte da imprensa, muitas vezes descompromissada com o Estado brasileiro e seu povo”. Alguns ministros do STF, porém, segundo ele, “têm flertado com escolhas inconstitucionais”.

Adiante, o presidente alega que Moraes praticou condutas que “atentam contra o modelo constitucional brasileiro e, mais ainda, ultrajam o Estado Democrático de Direito, o devido processo legal e, por consequência, os direitos e as garantias fundamentais”.

Bolsonaro ainda afirma que “as decisões do ministro representam violências disfarçadas sobre as vidas das pessoas, pois jornalistas vêm sendo censurados e cidadãos vêm tendo suas liberdades de expressão e de pensamento violadas, tudo à margem da Constituição”.

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