Política

De ‘tranquilo’ a ‘vamos precisar do Exército’: as mensagens de Ibaneis no 8 de Janeiro

Material apreendido pela PF também revela diálogos com Rodrigo Pacheco e Rosa Weber

Anderson Torres e Ibaneis Rocha. Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
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Mensagens obtidas pela Polícia Federal no celular de Ibaneis Rocha (MDB) mostram a mudança de percepção do então governador do Distrito Federal ao longo do 8 de Janeiro, dia em que terroristas bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. Os diálogos foram publicados pelo site G1.

Às 11h21, Ibaneis encaminhou ao ministro da Justiça, Flávio Dino, uma mensagem do secretário de Segurança do DF em exercício, Fernando de Souza Oliveira. Naquele dia, o titular da pasta, Anderson Torres, estava de férias, nos Estados Unidos.

“Situação tranquila, no momento”, disse o governador ao ministro. Ibaneis também encaminhou um arquivo de áudio no qual Oliveira dizia que “não houve nenhuma intercorrência relacionada aos manifestantes”. Dino agradeceu pela informação.

Às 14h31, Ibaneis enviou a Dino o “informe do meio-dia”. Era um novo áudio em que Fernando Oliveira dizia que “não há nenhum informe de questão de agressividade ligada a esse tipo de comportamento”.

“Oremos para que tudo acabe bem”, devolveu o ministro.

Às 16h05, Ibaneis recebeu uma ligação de Dino, mas não atendeu. Naquele momento, golpistas já haviam invadido os prédios públicos. Às 16h43, o governador escreveu ao ministro: “Vamos precisar do Exército”.

O material divulgado não revela se Dino respondeu, mas o Exército não agiu para dispersar os terroristas.

Outras conversas

Além dos diálogos com Flávio Dino, há mensagens mostrando que Ibaneis foi alertado em 7 de janeiro pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o risco de invasão do Congresso. O governador minimizou a informação e disse que a segurança já estava planejada.

“Estimado governador, boa noite! Polícia do Senado está um tanto apreensiva pelas notícias de mobilização e invasão ao Congresso. Pode nos ajudar nisso?”, escreveu Pacheco às 20h do dia 7.

Ibaneis, então, respondeu: “Já estamos mobilizados. Não teremos problemas. Coloquei toda a força nas ruas”.

O material também revela um diálogo com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, logo após a invasão do Congresso.

“Já entraram no Congresso”, escreveu a magistrada às 15h25. Dois minutos depois, veio a resposta do governador: “Coloquei todas as forças de segurança nas ruas”.

Weber, preocupada com uma possível ação golpista contra o prédio do STF, enviou outra mensagem na sequência: “O Secretário de Segurança do DF [Anderson Torres] está de férias, por isso o contato direto com o senhor”. Ibaneis, então, devolveu: “Estamos cuidando”. Ele também encaminhou o contato do secretário de Segurança em exercício, Fernando Oliveira.

Ibaneis Rocha foi afastado do governo do DF ainda na noite de 8 de janeiro, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Alvo de investigação por suspeita de omissão, o emedebista foi alvo de busca e apreensão, dia em que a PF obteve o seu celular.

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