Política
CPI do MST tem nova onde de ataques machistas contra Sâmia Bomfim
A última sessão da comissão antes do recesso foi marcada por mais um bate-boca generalizado entre governistas e bolsonaristas
A última sessão da CPI do MST antes do recesso foi marcada por mais uma briga generalizada entre governistas e bolsonaristas.
Após a aprovação a toque de caixa de 21 requerimentos, iniciou-se um bate-boca entre a deputada Sâmia Bomfim (PSOL) e o relator da CPI, Ricardo Salles (PL).
A confusão fez com que o presidente dos trabalhos, Coronel Zucco (Republicano) ameaçasse interromper a sessão caso Sâmia não permitisse a fala dos demais integrantes.
“Qual é o seu objetivo, deputada Sâmia? Quer que eu encerre a sessão? Fique calada e respeite os demais deputados”, ameaçou.
Salles então sugeriu que os demais deputados fizessem uma representação conjunta contra a psolista.
“Sempre que esta deputada quer se vitimizar diz que é interrompida, então esse momento precisa ficar registrado”, afirmou o ex-ministro do governo Bolsonaro.
Com seu microfone silenciado, Sâmia continuou argumentando que a mesma postura não é adotada pelos parlamentares quando ela é interrompida.
Citado pela psolista, o deputado General Girão (PL) tomou a palavra e afirmou que Sâmia “se vale de ser mulher para silenciar os demais e se vitimizar, quando lhe convém”.
O deputado pontuou que respeita todas as mulheres “por serem responsáveis pela procriação e pela harmonia da família”, em um discurso que apaga a trajetória feminina na política, relegando a elas o espaço doméstico.
“Eu lamento tudo isso, mas é o jeito da esquerda protestar. Estou sendo acusado de crimes que não cometi, enquanto vejo o terrorismo do MST. Precisamos mostrar para a população quem apoiou esse atos. A deputada que está vociferando contra mim sabe que ainda tenho direito à esquerda. Ela acha que por ser mulher não pode ser interrompida. Já cobrei isto ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No Código Penal, mulheres não são isentas. Respeito muito as mulheres, responsáveis pela procriação e harmonia da família”, afirmou o bolsonarista.
Após a fala, mesmo as deputadas da oposição se mostraram constrangidas com a declaração misógina e machista de Girão.
Éder Mauro (PL) ainda teria dito que Sâmia e Talíria Petrone (PSOL) faziam parte do “chorume comunista”. O deputado ainda atribui as parlamentares o financiamento de invasões por parte do grupo sem terras.
“Sinta o cheiro do chorume do comunismo à sua volta”, disse Éder.
Essa não é a primeira vez em que ataques machistas são deferidos contra Sâmia durante os trabalhos da CPI do MST.
Em maio, após nova onda de ataques machistas, o Ministério Público Eleitoral apresentou uma representação à Procuradoria-Geral da República para que se apure a ocorrência de violência política de gênero no episódio envolvendo o silenciamento da deputada Sâmia Bomfim.
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