Política

Como parlamentares do PL têm reagido à operação contra Bolsonaro e Valdemar Costa Neto

Com o temor de que as investigações avancem sobre parlamentares, lideranças voltaram a pressionar Lira a se posicionar contra operações da PF nas dependências do Congresso

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Sergio Lima/Poder360/AFP
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Com a operação da Polícia Federal contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, deflagrada nesta quinta-feira, parlamentares do PL têm pregado cautela e, sob reserva, admitem temer o avanço das investigações contra nomes da direita que exerceram papel central no governo do ex-capitão.

As primeiras informações sobre as buscas em endereços do ex-capitão e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por exemplo, deixaram a base bolsonarista em parafuso, com relatos de surpresa e apreensão sobre as diligências autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes.

Nas primeiras horas do dia, o grupo do WhatsApp da sigla registrava apenas links com reportagens sobre os alvos da operação, segundo integrantes do chat contaram a CartaCapital. Em telefonemas, lideranças alegaram “perseguição política ao maior partido da direita”, diziam-se “perplexos”, mas pediam cautela na reação.

Também havia receio de que as conversas estivessem sendo monitorados. “Cada vez usamos menos o instrumento de trabalho que, em qualquer país democrático, qualquer parlamentar utiliza. A gente não tem mais confiança”, avaliou um parlamentar.

Tudo mudou quando parlamentares foram comunicados que Costa Neto havia sido levado preso à superintendência da PF, em Brasília. Com ele, os agentes encontraram 40 gramas de ouro e uma arma de fogo com o registro vencido.

O deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) tentou tranquilizar os colegas. “Prisão por posse ilegal de arma é afiançável, o advogado está com ele, agindo para resolver isso”, escreveu o parlamentar. Na sequência, Carla Zambelli reforçou: “A arma era do filho dele, tem registro”.

A prisão acabou por ampliar o temor na cúpula do PL e fez líderes do partido voltarem a Brasilia para medir o impacto da decisão no desempenho do partido nas eleições municipais – até aqui, a sigla trabalhava com o plano ambicioso de eleger até 1.500 prefeitos em todo o Brasil.

O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), foi um dos que desembarcaram na capital federal no início da tarde para analisar os desdobramentos da operação.

Com o temor de que as investigações avancem sobre parlamentares, lideranças da legenda voltaram a intensificar a articulação para que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), se posicione contra operações da PF nas dependências do Congresso – um aceno seria dar andamento à proposta que exige aval da mesa diretora da Casa para medidas judiciais contra deputados.

O apelo tem como pano de fundo o incômodo dos bolsonaristas com as buscas realizadas nos gabinetes de Alexandre Ramagem e Carlos Jordy nas últimas semanas, ambas autorizadas por Moraes.

A reportagem apurou que Altineu Côrtes, líder do PL na Câmara, e o senador Rogério Marinho, representante da oposição na Casa Alta, tentavam articular um encontro com Lira ainda nesta semana. A reunião, no entanto, não havia sido confirmada pelo alagoano até o momento.

Ao todo, agentes da PF cumpriram 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva. Entre os alvos da batida estavam ex-ministros do governo Bolsonaro, como o general Augusto Heleno e o general Walter Braga Netto. Leia aqui a decisão que avalizou as diligências.

Os investigadores também apreenderam o passaporte de Bolsonaro e fizeram buscas na sede do PL em Brasília. No local, policiais encontraram um documento que defende e anuncia um golpe de Estado através da decretação de GLO. 

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