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Caso Marielle: os detalhes da transferência de ‘Suel’ para Brasília e o que pesa contra o ex-bombeiro

O avião com Maxwell Simões Corrêa pousou no hangar da Polícia Federal no Aeroporto de Brasília por volta das 17h20

A chegada de Mawell Simões a Brasília. Foto: Divulgação/Polícia Federal
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O ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Corrêa, suspeito de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, chegou a Brasília na tarde desta terça-feira 25. Ele será transferido para a penitenciária federal da capital, de segurança máxima.

O avião com Suel – como é conhecido – pousou no hangar da Polícia Federal no Aeroporto de Brasília por volta das 17h20. A Secretaria Nacional de Políticas Penais mobilizou entre 40 e 50 homens para a operação de transferência da Superintendência da PF no Rio de Janeiro.

A ação contou com o apoio do Comando de Aviação Operacional da PF e de policiais da Força-Tarefa de Combate ao Crime Organizado da corporação no Rio.

Os três personagens-chave do caso e da Operação Élpis, deflagrada na segunda-feira 24, são:

  • O ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos tiros;
  • o ex-PM Élcio de Queiroz, motorista do Cobalt no momento dos assassinatos;
  • Maxwell, suspeito de envolvimento no planejamento do crime, por meio da “vigilância” de Marielle.

O Sistema Penitenciário Federal é formado por cinco unidades de segurança máxima, em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Brasília (DF). Os presos incluídos no SPF podem permanecer na unidade por até três anos, prorrogáveis indefinidamente com base em indícios de manutenção dos motivos que sustentaram a transferência original.

Ao determinar a prisão preventiva de Suel, o juízo da 4ª Vara Criminal da Capital informou que as provas apresentadas pelo Ministério Público do Rio apontam a ligação do ex-bombeiro com o caso Marielle antes, durante e depois dos assassinatos.

Na decisão, “determinou ainda que o preso seja transferido para um presídio de segurança máxima fora do estado, uma vez que ele representa risco às investigações”.

Na segunda 24, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que o ex-bombeiro atuava na “vigilância” e no “acompanhamento” de Marielle. Também teria participado do “apoio logístico com os demais [participantes] de toda essa cadeia criminosa”.

A acusação também é de que Suel emprestou o carro utilizado pelos criminosos para esconder as armas usadas no assassinato.

Em junho de 2020, ele foi preso durante a Operação Submersos II. No ano seguinte, foi condenado a quatro anos de prisão por atrapalhar as investigações, mas cumpria a pena em regime aberto.

As provas sobre a participação de Maxwell tiveram como base a delação premiada de outro acusado, o ex-policial militar Élcio de Queiroz. A decisão judicial ainda cita a ligação do ex-bombeiro com Ronnie Lessa, que também está preso.

O fim das cápsulas e do veículo do crime

Queiroz afirmou, em sua delação premiada com a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio de Janeiro, que as cápsulas das balas utilizadas no assassinato foram descartadas em uma linha de trem, no Rio de Janeiro.

Segundo o delator, Lessa estaria preocupado com a possibilidade de identificação de suas digitais nas cápsulas, uma vez que ele teria carregado a arma do crime sem luvas. Na delação, Queiroz afirmou que as balas não foram descartadas uma a uma, mas em um estojo completo.

Ainda conforme o relato, um dia depois do crime Lessa e Suel foram até a casa de Queiroz, na zona norte, como preparação para se livrarem do carro utilizado. Ali, Lessa entregou novas placas a serem instaladas no Cobalt.

“Eu falei que eu acho que lá na minha mãe, como tá em obra tem tesoura de cortar chapa… tem um monte de ferramenta…então tinha; ele entrou; fomos na sala da casa da minha mãe; ficamos lá e eles cortando pedacinho por pedacinho da placa”, diz um trecho da delação.

Após colocarem os restos da placa em um saco plástico, Queiroz dirigiu o carro de Lessa – que estava no automóvel – e Suel conduziu o veículo utilizado nos assassinatos.

“Fomos no sentido Rocha Miranda, beirando a estação Engenho de Dentro, Quintino; foi aí nesse meio do caminho que fomos beirando o muro e o Ronnie foi despachando a placa.”

Segundo Queiroz, Lessa lançava os pedaços de placa de dentro do carro. A avaliação é de que seria “praticamente impossível de achar, até porque a linha do trem tem muito cascalho”.

Já o destino do carro usado no crime ficaria a cargo de um homem identificado na delação como Orelha, dono de uma oficina mecânica em Rocha Miranda.

“Aí o RONNIE deixou bem claro pra explicar pra ele que isso aí tem que sumir”, detalhou. “Não pode aparecer, não pode vender peça… não pode fazer desmanche pra vender peças; preocupação era essa porque tem digital, podia achar uma cápsula, um DNA, alguma coisa; se possível até tacar fogo; e principalmente tirar a numeração.”

A delação dá conta de que Lessa e Queiroz teriam entregue as chaves e o carro a Orelha e que essa teria sido a última vez que a dupla viu o veículo.

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