Política

Entenda o que Élcio de Queiroz relatou às autoridades sobre o assassinato de Marielle

Força-tarefa diz ter confirmado a versão apresentada pelo PM com levantamentos posteriores

A vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em 2018. Foto: Renan Olaz/CMRJ
Apoie Siga-nos no

O ex-policial militar Élcio de Queiroz firmou uma delação premiada com a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio de Janeiro. Na colaboração, ele relata detalhes sobre o atentado contra a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. 

A força-tarefa diz ter confirmado os elementos centrais da versão apresentada na delação e o depoimento já foi homologado pela Justiça. 

Segundo os investigadores, Élcio aceitou delatar após a confirmação de que Ronnie Lessa teria pesquisado dados sobre Marielle e sua filha em um banco privado de informações. 

Anteriormente, Lessa teria afirmado a Élcio que nunca havia buscado o nome da vereadora. Na avaliação dos investigadores, o conflito de informações foi decisivo para a delação. 

O passo a passo do crime

No depoimento, o ex-PM forneceu detalhes da ação, desde quando foi chamado por Ronnie, às 12h, via aplicativo de mensagens, para participar do crime. 

Conforme o relato, os dois se encontraram na residência de Lessa, no Condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. 

Quando Élcio chegou, Ronnie já portava uma bolsa com as armas. Depois, em um Cobalt prata, foram até a Casa das Pretas, onde Marielle participava de um evento. 

A dupla se posicionou próximo ao local e ficou de vigília até a saída da vereadora. Ronnie esteve durante todo o trajeto no banco da frente, mas deslizou para o banco de trás após chegar ao local e se equipou. 

Na saída de Marielle, sua assessora e Anderson, Élcio seguiu o carro. O Cobalt emparelhou com o outro veículo e Lessa disparou os tiros.

A rota de fuga foi detalhada na colaboração premiada. Após uma série de desvios na rota, eles foram para a casa da mãe de Ronnie Lessa, no Meier, e interfonaram para o irmão dele, Denis Lessa. Lá, entregaram a bolsa com os apetrechos utilizados no crime e pediram para que o irmão chamasse um táxi. 

O veículo seguiu para a Barra da Tijuca, onde a dupla embarcou no carro de Ronnie Lessa e reativou seus celulares. 

A participação de Maxwell 

Na delação, Élcio de Queiroz ainda confirmou a participação do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, no crime. 

Ele foi o responsável por vigiar a vereadora e participaria da emboscada que culminou na morte de Marielle e Anderson. No entanto, foi trocado por Élcio horas antes do atentado. 

O ex-bombeiro seria o primeiro escolhido para dirigir o carro no momento do crime, em outra data, mas um problema no automóvel fez com que o plano não fosse adiante. A falha mecânica foi atribuída a Maxwell, retirado da ação.

Ele também estaria envolvido no monitoramento da agenda da vereadora desde agosto de 2017 e teria sido o responsável por dar fim ao Cobalt usado no crime. 

No dia seguinte aos assassinatos, Suel auxiliou os executores a trocar as placas do carro, contatou a pessoa que iria “picotar o veículo” e ajudou os outros envolvidos a se livrarem das armas, jogando-as ao mar.

O ex-bombeiro foi preso preventivamente nesta segunda-feira 24, em sua casa, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. 

Outros envolvidos

A força-tarefa da investigação cumpriu, ainda nesta manhã, mandados de busca e apreensão em endereços de pessoas ligadas ao crime ou aos acusados. 

Seis pessoas receberam intimações para prestar esclarecimentos à Polícia Federal. 

Destas, o primeiro a ser ouvido foi o irmão de Lessa, Denis Lessa, que confirmou ter recebido a bolsa e chamado um táxi para a dupla. 

Segundo os investigadores, não está claro se ele tinha ciência do crime. Ainda que soubesse, seria indiciado pelo favorecimento pessoal, mas isento de pena por ser irmão de Ronnie Lessa.

Entre os intimados ainda estão: a mulher de Maxwell; os responsáveis pelo vazamento de informações da Operação Lume, em março de 2019, identificados como Maurício e Gilmar; e João Paulo e Alessandra, apontados como receptores das armas utilizadas no homicídio. 

A Polícia Federal agora busca identificar os autores intelectuais dos assassinatos. 

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo