Política

Bolsonaro se manifesta sobre mortes de Bruno e Dom: ‘Nossos sentimentos aos familiares’

Mensagem contém uma linha e não menciona medidas do governo federal contra a violência na Amazônia; pela manhã, presidente priorizou indicar filme de Hollywood

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou em sua rede social, nesta quinta-feira 16, sobre as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, confirmadas pela Polícia Federal na quarta-feira 15. A mensagem de apenas uma linha não informa nenhuma medida a ser adotada pelo governo após os assassinatos.

“Nossos sentimentos aos familiares e que Deus conforte o coração de todos!”, escreveu o presidente.

A declaração de Bolsonaro foi publicada às 13h31 no Twitter como uma resposta a uma postagem da Fundação Nacional do Índio, a Funai. A “nota de pesar” da instituição tem cinco parágrafos e traz menção aos cargos que Pereira havia exercido como servidor público e ao seu “imenso legado” para a proteção de indígenas isolados.

Mais cedo, por volta das oito da manhã, Bolsonaro havia publicado uma mensagem em tom bem-humorado sobre um filme de Hollywood lançado recentemente, Top Gun: Maverick (Paramount, 2022), cuja trama é marcada pelo militarismo.

“Top Gun Maverick: 10”, escreveu Bolsonaro, com um sinal de “joinha” ao lado. Na sequência, publicou um vídeo sobre a Aeronáutica. “Top Guns da vida real da nossa gloriosa Força Aérea Brasileira, sob o comando do Brigadeiro Baptista Jr., sempre a postos para proteger nosso espaço aéreo e o nosso Brasil.”

Algumas horas depois, Bolsonaro voltou a dar atenção ao longa-metragem americano com uma montagem em que o ator Tom Cruise aparece em uma motociata em apoio ao atual governo.

“Não procede a participação do ator no passeio de moto realizado nos Estados Unidos. É uma fotomontagem”, ironizou Bolsonaro.

Na noite anterior, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário eleitoral de Bolsonaro, pediu um momento de silêncio para uma plateia de apoiadores em Minas Gerais, em respeito ao anúncio da morte do indigenista e do jornalista britânico.

Na ocasião, Lula também prometeu dar fim ao garimpo ilegal caso seja eleito. O petista também disse estar comprometido com a demarcação de terras indígenas.

“Se nós ganharmos essas eleições, eu quero assumir um compromisso de que não haverá, em hipótese alguma nesse país, garimpagem na terra indígena desse país“, afirmou. “Posso dizer para vocês que é um compromisso. Terei todo o prazer de demarcar todas as terras que precisarem ser demarcadas.”

Em entrevista a CartaCapital na quarta-feira 15, o ex-superintendente da Polícia Federal do Amazonas Alexandre Saraiva disse que o “descaso” do governo federal em relação aos territórios de proteção ambiental e indígena favorece a continuidade da violência contra servidores da Funai e lideranças sociais.

Ao programa Fechamento, no canal da revista no YouTube, o delegado enumerou medidas que podem ser adotadas pelo governo federal e responsabilizou a União Europeia por contribuir com o enriquecimento dos grupos criminosos que atuam na Amazônia.

“Temos uma lista grande de servidores e lideranças que estão sujeitos a serem vítimas de um ataque”, declarou Saraiva. “Todas as condições para isso acontecer continuam lá. Bruno e Dom não foram os primeiros e, é terrível, mas eu acho que não serão os últimos.”

Neste sábado, diversas entidades indígenas ambientais cobraram segurança na Amazônia e exigiram uma investigação “transparente” sobre as mortes do indigenista e do jornalista. Em nota, a família de Dom Phillips disse estar de “coração partido” e agradeceu aos indígenas pela colaboração nas buscas.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo